VODU Acerca da magia Vodu O Vodu é
um sistema de magia negra e branca, muito antigo e primitivo,
que deriva da teologia e cerimonial africano. É um complexo de crenças e
rituais religiosos africanos e católicos que estabelece uma ligação vital
entre o mundo material e o mundo dos espíritos e governa em grande extensão a
vida dos camponeses haitianos. As
diversas deidades da religião Vodu chamam-se loas. (Loa significa
"espírito", na língua congo.) O propósito último do Vodu é permitir
que os loas, que possuem o poder das forças naturais, se manifestem no corpo humano
vivo, de modo que a pessoa possuída possa ser fortalecida por sua energia e
sabedoria divina. Dizem
que, quando um homem ou uma mulher fica sob a possessão de um loa, o espírito
sobe em seus ombros, da mesma forma que um cavaleiro monta no cavalo. Cada
loa deve ser reverenciado em seu dia próprio e "alimentado" com uma
oferenda de galinhas ou cabras sacrificadas, frutas e outros alimentos. Sem a
posse dos corpos físicos e as oferendas dos animais sacrificados, que são
tradicionalmente deixados em encruzilhadas à meia-noite, os loas perderiam
seus poderes sobrenaturais e desapareceriam para sempre. Há duas
categorias principais de deidades no Vodu: os loas Rada e os loas Petro. Há
também classes menores de loas, que incluem o Congo, o Ubo, o Nagô e o Wangol.
(O Vodu
foi criado nas Antilhas por escravos africanos que tinham sido vendidos para
os comerciantes de escravos pelos seqüestradores africanos e transportados
para o Caribe. O comércio de escravos ocorreu em diversas tribos africanas,
cada uma com suas próprias práticas e crenças religiosas. Isso explica a
razão para que as deidades do Vodu sejam agrupadas em diferentes categorias.) Os
Rada são loas protetores,
principalmente os de origem beninense e nigeriana, sendo invocados
principalmente nos rituais de magia branca. (O nome Rada deriva de uma aldeia
em Benin chamada Arada.) Os
Petro são loas agressivos que
foram trazidos para o Haiti, em 1768, por um houngan (sacerdote do
Vodu) espanhol chamado Dom Pedro, que era bem conhecido por ter introduzido a
prática de beber rum misturado com pólvora bem moída. O houngan espanhol
também introduziu uma variedade de novos ritos de Vodu entre os escravos
haitianos, incluindo uma arrebatada dança dos espíritos, mais violenta que as
antigas danças Rada executadas pelos sacerdotes e sacerdotisas da ilha.
Portanto, o culto Petro de magia negra e seus loas são denominados, segundo
Dom Pedro, o "mensageiro divino" responsável por sua adoração. A
adoração do loa é dirigida pelos houngans e mambus, os
respectivos sacerdotes e sacerdotisas do Vodu. Usando a magia branca, eles
curam pessoas doentes ou machucadas; usando magia negra, eles conseguem fazer
um morto retornar à vida como zumbis para trazer problema ou até mesmo a
morte a um inimigo. A
previsão é outra função importante dos houngans e mambus, e é
como videntes que costumam se empregar. A vidência geralmente acontece
enquanto sob a posse de um loa, mas outros métodos são usados, como o da
leitura do cristal. Na
cerimônia haitiana de invocação do loa, veves (intrincados emblemas simbólicos de vários loas a
serem invocados) são desenhados com farinha ou cinzas, no chão da clareira
onde dois santuários peristilo (um para os loas Rada e um para os loas Petro)
foram erguidos. No centro do peristilo fica o poteaumitan, o mastro
central dedicado ao loa Legba através do qual surgem os loas. As velas
coloridas apropriadas para cada loa são fixadas sobre os veves, e
orações especiais, que incluem a Ave-Maria e o Pai-Nosso, são rezadas. Ao
final das orações, os tambores do Vodu começam a tocar, e uma galinha, cabra
ou outro animal é sacrificado e entregue ao cozinheiro, que o prepara para o
altar do loa. Canções especiais são entoadas para os loas, enquanto os
tambores seguem um ritmo apropriado, e a invocação se inicia. Os tambores
estão entre os símbolos centrais do Vodu haitiano. São considerados sagrados,
por serem importantes no ritual de invocação do loa. O tocar
dos tambores tem muitas funções no ritual de Vodu. Pela combinação de ritmos
tocados pelas baquetas, tambores médio e mestre e um par de pratos de metal
chamado ogan, os dançarinos conseguem entrar em transe. Geralmente
esse estado é atingido pela manipulação de ritmo e métrica, incluindo
poderosas interrupções rítmicas chamadas casses, executadas pelo
mestre dos tambores. A música de percussão também é essencial para manter o
cenário do ritual depois que os dançarinos foram possuídos pelos loas. É da
maior importância que os músicos mantenham os loas dançando e usem ritmos
especiais para expulsar qualquer espírito indesejado. Numa
cerimônia Vodu, os devotos possuídos pelos loas podem aconselhar os
problemáticos e executar milagres, como curar os doentes e adivinhar
acontecimentos. Ir para
Vodu (Fonte: “A magia das velas”, de Gerina
Dunwich)
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