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Anjos & Arcanjos
Espaço dedicado aos Anjos
São Miguel, São
Gabriel e São Rafael Arcanjos
Author : Padre
Rohrbacher
A Igreja
Católica, no seu conjunto, é a sociedade de Deus com os anjos e os homens
fiéis. Durante toda a eternidade ela subsistia em Deus, ou melhor, era o
próprio Deus: sociedade inefável de três pessoas numa mesma essência. Agora,
ela transpõe os séculos, passa sobre a terra para associar-nos à sagrada
unidade universal e perpétua, e retornar conosco à eternidade de que proveio.
Os primeiros chamados a essa união divina foram os anjos. Tendo sido criados
bons, porém livres, Deus os põe à prova, tal como fez conosco. Desde então
houve cisma e heresia. Em lugar de tomarem como única regra a si próprios.
Foram excluídos da comunhão de Deus, mas não da sua providência.
Divididos em nove coros subordinados um ao outro, os anjos que se conservaram
fiéis foram um exército invencível. Seu número é incalculável.
Quando o altíssimo está sentado no seu trono, mil anjos o servem, e dez mil
vezes cem mil compõe a sua corte. Ele denomina a si próprio o Deus dos
deuses. Há anjos encarregados de governar os astros, os elementos, os reinos,
as províncias; outros, o comportamento dos indivíduos.
Como filhos da Igreja, constituímos com eles uma única sociedade. Pois, diz
São Paulo, aos cristãos da raça de Jacó: "não vos aproximastes como
aqueles que receberam a antiga lei de uma montanha sensível e terrestre, de
um fogo ardente e de uma nuvem escura e tenebrosa, de tempestades e raios, do
som de uma trombeta, e do clamor de uma voz formidável. Mas vos aproximastes
da montanha de Sião, da cidade de Deus vivo, da Jerusalém celeste, de
inumeráveis miríades de anjos, da assembléia e da Igreja dos primogênitos que
estão inscritos no céu, de Deus que é o juiz de todos, dos espíritos dos
justos que estão na glória, de Jesus que é o mediador da nova aliança, e
daquele sangue por nós derramado e que fala mais proveitosamente do que o de
Abel.
Desde o início existiu o ministério dos santos anjos. Depois de ter lançado a
sua sentença sobre nossos dois primeiros antepassados, Deus colocou os
querubins às portas do paraíso terrestre com uma espada flamejante,
incumbidos de guardar-lhe a entrada. Eram provavelmente os quatro querubins
citados várias vezes nas profecias de Ezequiel, e no Apocalipse de São João,
e que apareciam como as quatro principais potências pelas quais Deus governa
o universo material, o gênero humano, e a Igreja cristã. Seu conjunto forma
uma espécie de carro sobre o qual o Altíssimo avança através dos mundos e dos
séculos; um trono onde está sentado, e do qual ele lança suas sentenças sobre
os reis e as nações. Do centro do trono partem os trovões e os raios que
executam as sentenças. Será essa, talvez, a significação da espada de fogo
brandida à entrada do paraíso. Deus que a princípio tratara o homem com a
familiaridade de um pai, quer fazer-lhe suceder, segundo parece, o formidável
aparato de um senhor e soberano juiz.
Com Abraão, inicia-se uma era de misericórida. Três anjos ou personagens, nos
quais os Padres da Igreja reconheceram as três pessoas divinas, lhe aparecem
sob o carvalho de Mambré, e lhe anunciam um filho em que serão abençoados
todas as nações da terra. Dois anjos salvam Lot e sua família, antes de
começarem a destruição de Sodoma e Gomorra. Vê-se a providência ministerial do
anjo em relação a Agar e Ismael, pai dos árabes: o anjo de Deus no episódio
do sacrifício de Isaías na montanha de Moriah, mais tarde do Calvário: os
anjos de Deus subindo e descendo a escada de Jacó, em Bethel: a luta de Jacó
contra um anjo que o abençoa e lhe dá o nome de Israel: os anjos perante
Deus, e satã entre eles, na história de Jó: o anjo do Eterno na sarça
ardente, confiando uma missão a Moisés: o anjo de Deus que guiou o povo de
Israel: o anjo aparecendo a Balaam: o anjo de Deus dando ordens a Josué, a
fim de introduzir o povo na terra prometida: o anjo aparecendo a Gedeão e
designando-o para salvar o seu povo: o anjo anunciando o nascimento de
Sansão, que libertaria o povo do jugo dos filisteus. Depois de ter pregado a
penitência no reino de Israel, o profeta Elias diante do trono de Deus e
recebe uma missão. Os querubins são avistados pelo profeta Ezequiel.
Só há três anjos cujos nomes próprios as Escrituras Sagradas nos dão a
conhecer.
Miguel é o grande capitão do exército celeste. Seu nome Mi-cha-el significa,
quem é igual a Deus? Quando Lúcifer, cego pelo orgulho, quis igualar-se ao
Altíssimo, Miguel exclamou com voz trovejante: "Quem é igual a
Deus?" E acompanhado pelos anjos fiéis, precipitou do alto dos céus a
tropa rebelde dos apóstatas. Assim se tornou o generalíssimo do incontável
exército dos santos anjos. Vê-se, nos profetas, que era o protetor do povo de
Israel; agora o é da Igreja. Rejubilemo-nos por estarmos sob o comando de tão
destemido chefe; mas também imitemos a sua fidelidade.
A grande batalha iniciada no céu prossegue sobre a terra, Batalha cujo objeto
somos nós. Satanás e seus demônios gostariam de arrastar-nos com ele para o
inferno; Miguel e seus anjos gostariam de levar-nos com eles para o céu. Com
quem permaneceremos eternamente? Com quem estamos agora? Necessariamente
devemos estar com um ou com outro: não é possível nos conservarmos neutros.
Ao lado de quem combateremos? De quem seguiremos as inspirações? Do anjo de
Deus ou do anjo de Satã? Se morrermos no estado em que nos encontramos, seria
um anjo ou um demônio, que nos apresentaria ao tribunal de Deus? Com efeito,
será que, ao morrermos, nos reconhecerá São Miguel como fiéis companheiros de
armas?
Se me deixar derrotar pelo demônio nessa batalha, a culpa será unicamente
minha. Deu-me Deus um defensor para o corpo e para a alma, meu anjo bom.
Ser-me-á bastante escutá-lo: combaterá comigo e por mim. No fundo, só há um
inimigo a temer: eu mesmo.
Gabriel, cujo nome significa Força de Deus, anuncia ao profeta Daniel a época
da grande obra de Deus, a época do Filho de Deus feito homem, Cristo
condenado à morte, a remissão dos pecados, o Evangelho pregado a todas as
nações, a ruína de Jerusalém e de seu templo, a condenação final do povo
judeu. É o mesmo anjo Gabriel que prediz ao sacerdote Zacarias, no templo, no
santuário, junto ao altar dos perfumes, o nascimento de um homem que será
chamado João, ou cheio de graça, e que não mais anunciará a vinda do
Salvador, mas que o apontará: "Eis o Cordeiro de Deus! Eis quem tira os
pecados do mundo!" É o mesmo arcanjo, sempre enviado para anunciar
grandes coisas, que irá à humilde casa de Nazaré anunciar à Virgem Maria a
maior de todas as coisas; comunicar que, sem deixar de ser virgem, ela daria
à luz ao Filho do Altíssimo, que seria chamado Jesus ou Salvador, porque
seria o Salvador do mundo. É esse glorioso arcanjo que nos ensina a dizer tal
como ele: "Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois
vós entre as mulheres!"
Rafael, cujo nome significa Médico ou cura de Deus, dá-se a conhecer a
Tobias: "Quando oráveis, vós e Sara vossa nora, ou apresentava o
memorial de vossas orações diante do santo; e quando sepultáveis os mortos,
estava presente junto de vós. Quando não vos recusáveis a levantar-vos da mesa
e deixar vosso jantar para amortalhardes um morto, o bem que praticáveis não
permanecia oculto; pois eu estava convosco. E por que éreis agradáveis a
Deus, foi necessário que fosseis provados. Agora, porém, Deus enviou-me para
curar-vos, a vós e a Sara, esposa de vosso Filho. Sou Rafael, um dos sete
anjos que apresentam as orações dos santos, e que podem defrontar a majestade
do Santíssimo!
Feliz Tobias! Diremos nós. Teve um anjo como companheiro de viagem! Mas cada
um de nós não tem um anjo de Deus que o acompanha por toda a parte? ...
Pensamos nisso com a necessária freqüência?
(Vida dos Santos,
Padre Rohrbacher, Volume XVII, p. 126 à 132)
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