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|         BIBLIA IAVÉ  - A
  ORIGEM DA DIVINDADE A ORIGEM DA DIVINDADE IAVÉ E A PEQUENA
  HISTÓRIA DA RELIGIÃO DE ISRAEL De Edmilson
  Bento da Silva In http://str.com.br/Scientia/origem.htm  Prefácio  O ensaio que abaixo reproduzo
  trata-se de uma palestra por mim proferida na Universidade Federal Fluminense,
  no Centro de Estudos Interdisciplinar de Antigüidade
  (CEIA), às 08:00 horas do dia 26 de outubro de
  1999. Naquela época, meu intento era rebater a visão histórica evolucionista
  e idealista a respeito da história da religião do antigo Israel. Por visão
  evolucionista os historiadores denominam a abordagem seqüencial
  e linear: fetichismo? politeísmo?
  monoteísmo, e, por visão idealista, compreende o
  modo de explicação dos eventos históricos que privilegia o papel da
  consciência (as "grandes idéias"), expressas nas idéias políticas,
  éticas, filosóficas, científicas, etc. que mudam por si só no curso da
  história, sem considerar a vida social e o contexto sócio-histórico em que
  tais idéias emergem. Minha surpresa foi constatar que os alunos
  universitários ali presentes, ao no lugar de abrir um diálogo sobre as novas
  abordagem e novas fontes para a pesquisa, se sentiram indignados com o
  processo de historização do fenômeno
  da crença.  Por incrível que pareça, os dados
  descritos abaixo a respeito do desenvolvimento da religião iaveística é de conhecimento comum a teólogos (católicos
  e protestantes) e biblistas.  I - O nome  O nome da divindade israelita é
  chamada Iavé. A palavra "Yahweh" é o
  termo acadêmico e consagrado do nome próprio em
  hebraico da divindade israelita YHWH, oriundo das quatro letras hebraicas: הוהי (iod-he-vav-he) lida de trás para frente
  cuja leitura é aproximadamente "ieuê" ou
  "iaué". O nome Jeová constitui um erro de
  tradução; ocorreu devido ao tabu de não pronunciar o nome da divindade,
  assim, quando o sacerdote lia o texto do Pentateuco e aparecia as quatro
  letras YHWH, substituía a pronúncia pela palavra Adonai
  (meu senhor). Muito mais tarde, no século XVI de nossa era, os exegetas
  interpolaram as vogais de Adonai: a-o-ai, daí Jahovah ou Jeovah. Apesar de popular, a notação não corresponde a
  fatos e sim a um acidente histórico, e deve ser recusada.  A pronúncia primitiva e correta da divindade israelita não pode
  ser fixada com precisão. Mesmo a forma do nome Iavé não é correta,
  esta forma pode ter origem na teologia do estamento
  sacerdotal que forçou a aproximação de YHWH com a passagem do Êxodo III,
  13-15:  ehyeh ,asher ,ehyeh, ao qual é traduzido
  por "eu sou aquele que sou" ou então, "eu sou aquele
  que é", sugerindo que o nome de YHWH provém da forma imperfeita da
  raiz qal
  cujo verbo é hyy (haia),
  o verbo ser hebraico. O prefixo "Y" põe os verbos hebraicos no
  futuro e anteposto à raiz "HWH" (infinitivo presente do verbo
  "ser"), faria o significado de YHWH em: "o ser para todo o
  sempre", o ser absoluto, assim entendido, como quer a versão dos
  Setenta, que traduziu para o grego:
  εãù åéìé ´ï ïí (ego eimi ho ôn). Todavia, o redator
  da passagem do Êxodo III, 13-15, movido pelo extremo zelo do tabu da
  pronúncia do nome, utilizou este recurso enigmático, para criar um rodeio poético,
  equivalente recusa da divindade em responder, impedindo a Moisés vir a
  conhecer a sua natureza. Os especialistas que fazem derivar o nome de Iavé da
  raiz hyy não estão em acordo
  sobre a forma de como reconhecê-la em Yahweh. Eles
  entendem que o nome de Iavé deve ser traduzido por "ele é" ou
  "ele faz ser". No entanto, é mais fácil reconhecer em Yahweh uma outra raiz, hwh/hwy,
  a raiz do verbo hebraico que significa "cair", "abater",
  "descer", desapareceu quase que por completo no hebraico, mas se
  conservou no árabe. Julius Wellhausen,
  D. H. Holzinger e H Bauer
  Leander defendem que o nome Yahweh
  deriva da raiz semítica hwh "cair".  Os primeiros cristãos anotavam a
  pronúncia de YHWH nas letras gregas Iabe (iabe), Iaone (iaoune), Iaonai (iaounai). Nos papiros míticos judeus-cristãos a forma é Iawonhe (iaôouêe).
  Já a transcrição grega mais freqüente e também a
  mais antiga é a notação Iao (íao), que é atestada desde
  o Qumran.  Roland de Vaux e André Caquot
  tentaram reconstituir a antiga pronúncia e forma do nome de Iavé. Eles
  acreditam que podem encontrar o antigo nome da divindade israelita nos nomes teóforos hebraicos correspondentes a Yeho
  e Yahu. A forma Yeho
  é atestada nos nomes Yehokhakin (Joaquim), Yehoshuah (Josué ou Jesus). A forma Yahu é encontrada nos nomes Azaryahu
  (Azarias), Yahuddah
  (Judas) e Mattitiyahu (Matias). Também há
  uma forma curta Iah que aparece em outros
  nomes: Azaryah (Azarias),
  Tobiyah (Tobias) e na expressão hallelu-yah ("deus seja louvado"). Atualmente, a partir destas formas teóforas,
  formou-se um consenso em torno da palavra Yaho para
  designar o nome primitivo da divindade israelita, tal como querem Roland de Vaux e André Caquot.  II - A origem do deus  Segundo Jean
  Leclant, egiptólogo, o nome do deus de Israel é um topônimo. Baseando-se em escavações arqueológicas
  realizadas em Soleb, na margem esquerda do Nilo,
  foi encontrada uma inscrição na sala hipostila do
  templo erguido por Amenhotep III; a inscrição
  contida no escudete (séc. XIV a. C.) refere-se a um
  povo nômade inimigo do Egito
  ao leste. O trecho é o seguinte: to sho-su iahuo; "to" refere-se à designação
  geopolítica, terra estrangeira; o vocábulo "sho-su"
  remete-se aos habitantes do deserto, aos povos nômades;
  e o termo "iahuo" é identificado com o
  nome de alguma montanha, situada a leste do Egito e
  ao sul da Palestina. A decifração da inscrição é o seguinte: "terra dos shosu de Iahuo". Ou melhor
  "país dos beduínos de Iahuo". Se Leclant estiver certo, a inscrição é a mais antiga
  notação histórica conhecida do nome do deus de Israel fora da Bíblia.
  Argumenta Jean Leclant
  que do nome desta montanha, os israelitas teriam tirado o nome da divindade protetora de sua confederação. Em apoio a afirmativa de Leclant, destacamos: 1- o nome Iahuo
  está em acordo com a antiga pronúncia defendida por alguns biblistas
  juntamente com Roland de Vaux
  e André Caquot (Iahuo = Yaho); 2- o nome se aproxima muito da mais antiga
  transcrição grega (Iao = Yaho); e 3- a
  referência ao deus de Israel na inscrição moabita,
  conhecida como a estela de Mesha (século IX a. C.),
  permite fazer a transcrição do nome da divindade com o final em "o"
  (Yahu = Yaho).  Assim, Yahweh
  é a pronúncia transfigurada de Iaho, um deus cultuado em uma desconhecida montanha Iahuo,
  em território madianita.  O deus dos israelitas é o
  resultado do sincretismo religioso do deus dos relâmpagos, Iahu, dos madianita e quenitas, conhecido também pelos arameus
  do norte da Síria, com a divindade das terríveis tempestades de deserto, o
  deus Ya'uq, temido pelos árabes, ao qual os hebreus
  entraram em contato nos séculos XII e XI a. C.  III - O período "pré-mosaico" (séc. XIV a. C.)  Dados da historiografia e da
  arqueologia não atestam o culto de Iavé antes do século
  XIII a. C. e,
  portanto, antes de Iavé tornar-se o protetor da
  confederação tribal israelita, os hebreus admitiam vários sistemas religiosos
  simultâneos, e nenhum deles entravam em conflito na cabeça daquele nômades.  Os hebreus pertenciam a grande etnia semítica. Os
  antigos semitas veneravam uma força impessoal, invisível e intangível,
  expressa no princípio divino 'l, que agia na
  natureza mas não tinha consciência de si. Este princípio divino aparece em
  todas as civilizações semíticas posteriores como Allá
  dos árabes, El dos cananeus,
  Baal dos fenícios, Ilu
  dos assírios e Bel dos caldeus.  A) O culto ao
  "deus dos pais". Os líderes dos acampamentos, os
  patriarcas, rendiam culto especial ao chamado "deus dos pais", o
  antepassado mítico do clã. Cada clã possuía seu "deus dos pais",
  uma espécie de herói lendário que fundou o clã e transmitiu os costumes e
  instituições da família. O "deus dos pais" não tinha um local fixo
  de culto, residia em uma tenda especial e acompanhava as viagens do clã pelo
  deserto e pela estepe, assegurando o bom relacionamento com os vizinhos e protegendo
  os membros do clã contra os infortúnios das viagens. O "deus dos
  pais" não possuía uma representação figurativa, porque é extremamente
  difícil no deserto e na estepe a confecção de imagens.  Paralelamente ao culto do
  "deus dos pais", os hebreus veneravam árvores, fontes de água,
  grutas, montes, etc., que se relacionavam de alguma maneira com os eventos
  lendários do mito do "deus dos pais" (locais por onde o antepassado
  passou, etc.). Por outro lado, estes objetos da
  natureza também eram compreendido como entidades sagradas, pois, eram o
  receptáculo de uma força invisível, similar aos gênios
  das tribos árabes.  B) O culto às
  pedras. Os hebreus dos século XIV também veneravam
  pedras mágicas, os terafins, relacionados também ao
  culto ancestral. Apareceram após a supressão ao culto de imagens de "deusas-mães", que as mulheres recorriam a sua proteção no momento do parto. Os terafins
  não eram propriamente deuses mas, amuletos mágicos, símbolos da prosperidade.
  Estas pedras eram mantidas dentro das tendas.  C) O culto às
  forças naturais e à serpente. Era crença
  corrente que uma entidade furiosa habitava o deserto e os hebreus imputavam a
  esta força a responsabilidade pelas tempestades de areia que derrubava as
  tendas e desaparecia com as rezes, além de trazer as doenças como urticária
  que atacavam o gado. Para aplacar a ira desta entidade, os hebreus recorriam
  ao sacrifício do cordeiro e do bode. Era um sacrifício pascal, praticado
  antes do início da primavera, quando então, imolava-se
  um cordeiro. Um sacrifício análogo ocorria no outono,
  antes da transumância para a pastagem na estepe,
  quando então, era solto um bode no deserto. A circuncisão, prática encontrada
  entre os sacerdotes egípcios da Antigüidade e
  numerosas tribos árabes, era uma medida para afastar a infertilidade que
  poderia abater tanto sobre a família quanto sobre o gado: para agradá-la,
  recorria-se a circuncisão, a entidade fugia afugentada pelo horror ao sangue
  ou era aplacada com o rito. O prepúcio era oferecido e, ocorria na ocasião da
  passagem do membro masculino para a vida adulta ou da iniciação ao casamento.
  O culto à serpente era uma prática muito comum na Palestina; imagens de
  serpentes recebiam culto especial pois, com este culto apotropeico,
  os hebreus julgavam afastar ou minimizar as picadas das víboras reais, já que
  eram muito freqüente na Palestina.  D) Práticas mágicas. Os hebreus eram um povo rude,
  sem escrita e muito supersticioso. Havia numerosas interdições religiosas de
  carácter alimentar, sexual e social. Vivendo em um ambiente hostil do deserto
  e da estepe, em confronto com povos vizinhos e sofrendo constantes perigos de
  animais selvagens, os hebreus recorriam freqüentemente
  às magias. Entre elas, destacam-se a crença no "mau olhado", o
  poder mágico da palavra (proferido como bênção ou maldição pelo moribundo), a
  crença na magia da dança da chuva e da dança da guerra, o uso mágico do
  vestuário, a magia da impostura da mão, o uso da necromancia, etc. Havia,
  curandeiros, videntes, adivinhos.  E) Os mitos. Há forte indícios que os antigos hebreus conheciam uma pluralidade
  de mitos, entretanto, a grande maioria foi combatida
  e propositadamente esquecida pelo clero iaveísta.
  Os hebreus acreditavam na existência de gigantes, do monstro marinho Tannin e no dragão Leviatã;
  possuíam uma concepção que acima da abóbada celeste era coberta por água. A
  presença mitológica de animais fabulosos, os serafins, criaturas sinuosas,
  serafim está na raiz srph, (seraph), que significa "abrasador", uma alusão
  a crença em dragões.  IV - O antigo iaveísmo (sécs. XIII e XII)  Com o assentamento em Palestina,
  os hebreus, agora denominados israelitas, tornaram-se agricultores e fundaram
  uma confederação tribal denominada Beni-Israel,
  filhos de Israel. Nesta época, o contato com a
  civilização cananéia provocou modificações na
  religiosidade israelita. O culto ao "deus dos pais" foi substituído
  pelo culto à divindade cananéia El,
  o deus do céu, da palavra el, originou no
  hebreu o termo eloá, deus; a palavra eloim é o plural intensivo de eloá,
  para designar a majestade divina.  A) A emergência do
  culto de Iavé. A origem de Iavé está ligada ao
  grupo que saiu do Egito em 1.200 a. C., conheceu a
  divindade madianita Yahu
  e fez o sincretismo com o Ya'uq dos árabes,
  constituindo, então, em Yaho. Deus guerreiro, senhor
  do relâmpago, tal como sugere o nome original Yaho
  do verbo hwh/hwy
  primitivo, que significa "cair", "abater", ou
  "descer", uma clara alusão ao relâmpago, assegurava a vitória sobre
  os inimigos de Israel.  O grupo que saiu do Egito dirigiu-se ao oásis de Cades,
  onde ali receberam elementos que futuramente iriam se constituir na tribo dos
  levitas. Esses futuros levitas cultuavam o deus-serpente Nehustan
  da palavra nahash, o deus símbolo da
  sabedoria e da cura medicinal. Os levitas, cuja palavra árabe lawah significa "desenroscar-se", possui
  uma etimologia muito parecida com Levi-athan, o
  dragão, adentraram ao círculo de Moisés após a
  saída do Egito e identificaram em Iavé atributos do
  seu próprio deus e foram um dos principais divulgadores do iaveísmo. Este clero trouxe para o culto israelita um
  nova modalidade de adivinhação: os objetos de pedra
  urim e tumim
  (que significam respectivamente "maldito" e "inocente").
  Relacionados a prática oracular, estes objetos eram
  mantidos dentro de sacolas, e quando se fazia uma pergunta e se tirasse um tumim, significava um "sim", e se tirasse um urim significava um "não".  Iavé era sempre evocado no
  contexto das batalhas com os povos vizinhos como convém a um deus guerreiro,
  pois, era o protetor da confederação tribal israelita.
   B) Os outros cultos. Com a adoção
  da agricultura, os israelitas cultuavam os diversos
  "baals" de cada localidade, tidos como
  generosos propiciadores de abundante colheita. Era a Baal
  e não a Iavé que os agricultores israelitas julgavam a responsabilidade da
  fertilidade do solo. Os "baals" eram
  concebidos na forma de um tronco de árvore decepado, de uma estaca de madeira
  fincada no terreno ou na forma de um amontoado de pedras.  Os terafins
  assumiram uma forma humana e passaram a ser amuletos de cunho pessoal, em vez
  de ser da família, como era na época da pastorícia. Quando os terafins eram recobertos com algum tipo de metal
  chamavam-se de éfode. O éfode,
  do hebraico 'pd,
  significa: 1o a parte do vestuário sacerdotal, a tanga de
  linho, usada pelos ministros do culto, 2o o éfode do sumo-sacertode,
  espécie de colete preso por um cinto e suspensório, 3o os objetos oraculares urim e tumim.  V - O Iaveísmo no Período dos
  Juízes (secs. XII - X a. C.)  A) Os ritos
  agrários. No período pré-estatal, os
  israelitas adotaram muitos deuses cananeus, além de El e de Baal, as divindades cananéias adotadas possuíam um atributo específico, de acordo com a
  divisão do trabalho, reflexo que se operava na complexificação
  da sociedade. Havia Dagon, o deus do trigo;
  Astarte, a deusa do amor; Tammuz, o deus da
  vegetação; a deusa do Sol, Shapach, e a deusa-mãe Asherah associada ao culto de Baal.
  A preocupação com a fecundidade da terra afetou
  profundamente o iaveísmo. Os camponeses adoravam
  Iavé na forma de um touro em um altar cercado por uma paliçada (que mais
  tarde a teologia sacerdotal transformou na narrativa do "Bezerro de
  Ouro"). A assembléia de anciãos recorria a
  Iavé na forma de máscaras humanas (encontradas em Hazor)
  para obter oráculos sobre a estratégia de guerra. E, na liturgia, os
  sacerdotes utilizavam um objeto, o éfode.  B) Os deuses
  tribais. Cada tribo, além disso, possuía um patrono: o asno, o cordeiro, o
  bezerro. As tribos do norte (José e Efraim) cultuavam o deus-touro, símbolo
  da fecundidade.  C) O deus El. A divindade cananéia
  El era o deus do céu, os cananeus
  julgavam-no o criador do mundo e da humanidade; o seu culto foi sobrepujado
  pelo deus Baal, tornando, assim, um deus ocioso.
  Entretanto, os israelitas associaram os atributos do deus El
  ao deus Iavé, criando agora um novo sincretismo. Acontece que o El israelita era uma divindade da confederação tribal,
  era uma entidade impessoal, por exemplo, Iavé-El
  era adorado sob a forma de vários epitetos, cada um
  deles evocado de acordo com um contexto específico. El
  Elion, o deus altíssimo (a parte mais alta de uma
  porta); El Shaddai,
  "o todo poderoso" (na verdade, a etimologia da palavra sugere ser o
  deus da estepe: shaddu, estepe), era cultuado em Manre; El Sebaot, o "deus das hostes
  celestiais", evocado no contexto da batalha, era adorado em Silo; El Ro'i, o deus da visão,
  "o onisciente", cultuado
  em Neguebe; El Olam, o deus eterno, cultuado
  em Berseba; El Bethel, o deus de Bethel, cultuado nesta cidade; sem mencionar, é claro nos vários qone eretz, o
  possessor do solo, representado pelos "baals",
  e o massebah (plural massebot),
  estela de pedra, na forma de um falo, símbolo das divindades masculinas cananéias. Havia um versão
  feminina dessa estela: a asherah (plural asherot).  D) A representação
  de Iavé. O carácter anícola
  de Iavé não foi uma peculiaridade na História das Religiões. Na Antigüidade houve povos que concebiam que o seu deus
  supremo como uma divindade cósmica, com poderes extraordinários mas,
  restritos ao seu país. Estes povos concebiam o seu deus sob a forma humana
  mas, admitiam que nenhum humano podia vê-los. Inclusive, entre os assírios, Assur, aparentemente não chegou a ter representação
  figurativa. Além disso, as tribos árabes do norte da Síria possuíam uma
  concepção metafísica de uma força invisível, o princípio 'l,
  que certamente contribuiu para a formação do mito de Iavé. Por outro lado, os
  israelitas não desconheciam ídolos religiosos, como já foi mencionado.
  Ademais, além do símbolo do touro, no dia a dia da vida do camponês havia o éfode, a massebah, e a arca
  da aliança, o símbolo da presença do deus. Os trechos do Êxodo XX, XXIII
  e XXIV, 17 proíbem a representação do deus de Israel moldado em metal, ouro
  ou prata, o que deixa livre o uso de outros materiais como osso, madeira e
  pedra, certamente menos custosos. Era senso comum que os israelitas concebiam
  do seu deus nacional Iavé na forma humana e pertencente ao sexo masculino; é
  um deus temível, exigente, vingativo e muito ciumento -
  constitui um reflexo de uma sociedade altamente militarizada, machista e
  patriarcal -, protegia seu povo e era implacável com quem o contestasse. Os
  textos do Pentateuco comentam a sua personalidade: Iavé descansa,
  arrepende-se, ira-se, alegra-se, ouve, vê e fala aos homens.  E) O monoteísmo. Na mente da população camponesa, iletrada e restrita ao seu
  território, a idéia de uma divindade humana, de carácter universal, única e
  sem representação figurada era deveras abstrata e
  difícil de conceber. Outrossim, os israelitas aceitavam normalmente que os
  deuses de outros povos eram tão verdadeiro quanto o seu, Iavé era o deus
  nacional de Israel assim como Marduc era o deus
  nacional da Babilônia, Assur
  o deus dos assírios, Quemoch o deus dos moabitas e Milcom, a divindade protetora
  do povo amorita, o que significava que o israelita
  comum professava uma monolatria (processo pelo qual
  um devoto diante de uma multiplicidade de divindades, declara culto exclusivo
  a uma só, por uma espécie de bajulação excessiva e uma relação afetiva para com o seu deus, excluindo os demais deuses
  mas, reconhecendo-os como reais).  VI - O iaveísmo no período da
  monarquia (secs. X - VII)  O iaveísmo
  conviveu com a religião cananéia e foi pouco a
  pouco absorvendo suas concepções. Tal sincretismo continuou por muitos
  séculos, tal como podemos encontrar na religião dos colonos judeus, no século V a. C., em Elefantina, Egito, que, inclusivamente, conceberam uma divindade
  fêmea consorte de Iavé: Anat Iahu.
   Iavé estava a frente de uma
  multiplicidade de divindades, era o deus supremo de Israel, o protetor da confederação tribal, contudo, no dia a dia,
  os israelitas recorriam as divindades mais ligadas ao culto agrário: os
  deuses tribais tinham mais substância e presença do que o deus
  supremo - Iavé era o deus nacional da confederação
  tribal e não um deus de cunho pessoal. Por outro lado, devemos considerar que
  as concepções do iaveísmo variavam muito de aldeia
  para aldeia e na prática, cada pessoa interpretava livremente os mitos e os
  ritos.  A) A participação
  do Estado na religião. Quando a realeza unificou as
  tribos, deu realidade a idéia de Israel, mas tarde formulada na mitologia do
  "pacto". Neste ponto, o iaveísmo foi
  bastante promovido pelo Estado: foi a corte e o clero ligado ao palácio que
  tiveram recursos para criar a literatura religiosa e o culto elaborado. Na
  ideologia de Estado, Iavé foi comparado à realeza: era um deus que governava
  Israel com sua corte celestial; dizia-se que Iavé possuía servos,
  mensageiros, um trono e indumentária; reinava em Israel assim como os outros
  deuses reinavam em outras nações.  O clero elaborou um primitivo
  decálogo, mais tarde atribuído a Moisés, onde podemos encontrar as antigas
  concepções do iaveísmo:  1- Não curvarás a
  tua fronte diante de nenhum deus estrangeiro.  2- Não construirás
  nenhum deus de metal fundido.  3- Observarás
  sempre a festa dos ázimos, no mês de nisan (março/abril), para recordar a
  tua passagem no deserto. [O termo hebraico é pesah,
  em grego é dito pascha, que se tronou
  depois páscoa. Relacionava primitivamente à festa
  do início da primavera. Veja a parte III-C.]  4- Todo primogênito é meu: resgatarás com um sacrifício o
  primeiro parto entre a criação, grande ou pequena, o primogênito
  entre os filhos. [O sacrifício de crianças não era desconhecido pelo iaveísmo; sacrificava-se crianças na ocasião da erecção
  da pedra angular ou no término de uma construção; entretanto, considerando a
  alta taxa de mortalidade infantil, é possível que as crianças fossem
  oferecidas já mortas. Outrossim, o sacrifício a Iavé era as rezes]  5- Jamais
  comparecerás diante de mim de mãos vazias.  6- Três vezes por
  ano todos os teus filhos homens comparecerão perante o Senhor. [As três
  festas pastorais da primavera, do verão e do outono]
   7- Jamais deixarás
  correr o sangue da minha vítima diante do pão fermentado. [Lembranças das
  velhas proibições rituais, ligado ao carácter sagrado do sangue e do lêvedo]  8- Não deixarás
  para amanhã o consumo de minha vítima pascal. [ Para
  que não se esgote a carga mágica que traz em si todo animal sacrificado aos
  poderes divinos]  9- Levarás a flor
  das flores das primícias do solo à casa de Iavé.  10- Não cozinharás
  o cabrito no leite da sua mãe. [Esta é uma antiga proibição tabu, encontrada,
  sob uma forma mágica, em uma das lâminas órficas descoberta nos túmulos da
  Magna Grécia, em Turi, hoje Terra Nova de Sibari, Calábria, século IV a.
  C.: "Cabrito cai no leite", isto é, estou para me tornar imortal] B) Os novos mitos. Israel agora concebia a sua divindade principal com a mesma noção
  de deuses indo-europeus e sumero-acadiano, isto é,
  como um senhor poderosíssimo acima da humanidade, ao qual o devoto deveria
  submeter-se e servir; de fato, isto se explica pelo motivo de o iaveísmo está no contexto de uma sociedade de classes,
  reflexo da existência de senhores poderosos reais. O clero estatal elaborou
  uma mitologia para a religião, graças aos acréscimos vindo da Mesopotâmia: da
  Assíria, incorporaram a idéia de querube (plural,
  querubim), do caribu assírio, gênios
  com cabeça de homem, corpo de leão ou touro, asas de águia e patas de ouro,
  que vigiavam as portas de templo e palácios; da Babilônia,
  Iavé foi comparado a Marduc, o deus que derrotava o
  dragão Tiamat e criava o mundo, em Israel, o
  monstro era o dragão marinho Leviatã. Iavé estava
  acima do bem e do mal; a abundância, as graças, infortúnios e as pragas era
  devido a Iavé - os textos bíblicos mencionam que
  Iavé amaldiçoa gerações inteiras, destrói cidades, aflige a humanidade com
  dilúvios, etc. Contudo, a jurisdição de Iavé sob o mundo não era total; era
  idéia corrente que após a morte o defunto não estava mais sob a proteção do deus.  Um outro mito que foi combatido e
  propositadamente esquecido pelo clero iaveísta foi
  a lenda da primeira mulher de Adão: Lilith, que se revoltou contra o seu
  marido. Esta lenda se tornou um escândalo para a sociedade patriarcal e
  machista, e foi rejeitada na redação final do Gênesis.  C) Reformas
  religiosas. Os reis Saul, Asa, e Josafá proibiram a necromancia, a prostituição sagrada,
  em seguida, combateram a erecção de estacas divinas (massebah).
  Saul e depois Josias passaram a perseguir e a punir
  os feiticeiros com a morte (1Sm XXVIII, 3 e 9; 2Rs XXIII e XXIV).  Ocorre gradativamente o
  desaparecimento do ro'eh, vidente e adivinho
  para questões privadas, cujo Samuel foi um dos últimos, é substituído pelo nabi (do cananeu, nabu, "aquele que foi chamado") profeta
  de origem cananéia que se vestia de manto de pele
  preso por um cinto de couro, levava uma vida cenobítica,
  perambulando em grupo pelas regiões e profetizando
  sob a autoridade de um chefe, chamado "o pai".  VII - O Iaveísmo no século VII  Uma nova versão do decálogo foi
  elaborada, que remonta ao período que vai do século VII ao século VI a. C.
  Havia duas versões, a mais antiga está incluída no Deuteronômio
  V, 6-18, pode ser atribuída ao programa de reforma religiosa, e a outra, a
  mais recente, está transcrita no Êxodo XX, 2-17, e é de carácter litúrgico-ritual, pertence ao período de cem a duzentos
  anos após a tomada de Jerusalém pelos babilônios;  1- Não terás outro
  deus diante de Iavé. [Trata-se de uma afirmação de monoteísmo ritual, e não
  teológico; outros povos possuem deuses tão verdadeiros quanto Iavé, mas os
  israelitas não podem cultuá-los]  2- Não esculpirás
  nenhuma imagem e nenhuma representação de coisas que estejam no céu, sobre a
  terra e nas águas debaixo da terra.  3- Não pronunciarás
  em voz alta o nome do Senhor. [Quem possui o segredo do nome também possui o
  poder mágico que ele confere; é por isso que é necessários impedir que os
  estrangeiros possam apoderar-se do nome do deus]  4- Guardai
  escrupulosamente o dia de sábado. [O sábado era a festa da lua cheia dos
  sumérios, os babilônios tomaram dos sumérios com o
  nome de shabattu; abstiam
  de trabalhar nos dias "que traziam desgraças" (dias 7, 14, 21, e 28
  dos dois meses de Elul II e Marchesvan).
  Os cananeus tomaram o sábado dos babilônios que, por sua vez, transmitiram aos israelitas
  com o nome de shabbath. Era o dia do repouso e
  "ação de graças" recordando os anos que
  os hebreus passaram como escravos no Egito, e foi
  mais tarde estendidos aos escravos hebreus. Sob o impulso dos profetas do
  século VII, teve um significado teológico: o dia de descanso de Iavé]  5- Honrarás teu pai
  e tua mãe. [Trata-se de um preceito que se seguido assegura longos anos de
  vida na terra]  6- Não matarás. [Em
  hebraico, a expressão é "não assassinar", isto é, não matar um
  membro do clã; outrossim, a morte do inimigo, mulheres e crianças, é
  admitida]  7- Não praticarás
  adultério. [Isto é, apenas não seduzir uma mulher casada ou apenas prometida
  a outro; seduzir uma mulher núbil ou escrava não é adultério, e o mesmo não
  se aplica às mulheres]  8- Não roubar.  9- Não levantar o
  falso testemunho contra o teu vizinho.  10- Não desejar a
  mulher do seu vizinho, nem o seu campo, a sua escrava, o seu escravo, o seu
  boi, o seu asno, etc. [O termo hebraico para desejar é "por os olhos em
  cima", é provável que se refira ao mau olhado, isto é, lançar um mau
  agouro sobre a propriedade alheia] VIII - Epílogo  Com o cisma político, Iavé
  tornou-se um deus nacional de dois povos inimigos. Este foi o primeiro
  exemplo histórico que permitiu a concepção de um deus de uma outra nação, e
  daí para o universo.  Foram os nabim
  (singular: nab), profetas errantes que combateram o
  culto de Baal e outros deuses, transformando a
  religião iaveística centrada no templo de
  Jerusalém, e depois, pelos sacerdotes do exílio, em uma religião ritualista.  IX - Bibliografia  FOHRER, Georg: História da Religião de Israel, Edições Paulinas, 1982.  HUBERT, Henri et Lévy,
  Isidore: Manuel d’Histoire
  des Religions, Librairie Armand Cilin, Paris, 1904.  DONINI, Ambrogio: Breve História das Religiões, Editora
  Civilização Brasileira S/A, RJ, 1965.  BRANDON, S. G. F. (editor): Dictionary
  of Comparative Religion, The  DONNER, Herbert. História de Israel e dos Povos Vizinhos. 1a
  edição. Petrópolis, R. J. : Editora Vozes S. A.,
  1997. 535 páginas, em dois volumes.  GARELLI, Paul et NIKIPROWETZKY, V. O Oriente Próximo Asiático (impérios
  mesopotâmicos e Israel), 1a edição. São Paulo, S. P. : Editora Universidade de São Paulo, 1982. 338 páginas.  MOSCATI, Sabatino. Las Antigas Civilizaciones Semíticas. 1a edição
  espanhola. Barcelona, Espanha : Editiones
  Garriga S. A., 1960. 318 páginas.
   CARREIRA, José
  Nunes. Estudos de Cultura Pré-Clássica. 1a edição. Lisboa, Portugal : Editora Presença, 1985. 
 
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