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 GNOSTICISMO – APÓCRIFOS O EVANGELHO DE NICODEMUS - 2 DESCIDA
  DE CRISTO AO INFERNO  Dois
  textos apócrifos constituem o Evangelho de Nicodemus: Atos de Pilatos e
  Descida de Cristo ao Inferno. Em é sequência do outro e o completa, embora
  escritos em épocas diferentes. Justino, em 150, menciona em seus escritos um
  texto chamado Atos de Pôncio Pilatos, narrando os acontecimentos posteriores
  à Crucificação.  EVANGELHO
  DE NICODEMUS  Versão
  grega  Então
  José disse: "E por que vos admirai de que Jesus tenha ressuscitado? O
  admirável não é isto; o admirável é que não somente ele ressuscitou, como
  também devolveu a vida a um grande número de mortos, que há muito não são vistos
  em Jerusalém. E se não conheceis os outros, conheceis sim, pelo menos,
  Simeão, aquele que tomou Jesus nos braços, assim como também seus dois
  filhos, que igualmente foram ressuscitados. Pois a esses, há pouco tempo, nós
  mesmos demos sepultura, e agora podem contemplar seus sepulcros abertos e
  vazios, e estão vivos e morando em Arimatéia".  Enviaram,
  então, algumas pessoas e comprovaram que os sepulcros estavam abertos e
  vazios. José então disse: "Vamos a Arimatéia e veremos se os
  encontramos".  E levantando-se
  os pontífices Anás, Caifás, José, Nicodemus, Gamaliel, e outros em sua
  companhia, foram até Arimatéia onde encontraram aqueles a quem José se havia
  referido. Fizeram, então, orações e abraçaram-se mutuamente. Depois
  regressaram a Jerusalém em sua companhia e os levaram até a sinagoga. E, ali
  postos, fecharam as portas, colocaram o Antigo Testamento dos judeus no cento
  e os pontífices disseram-lhes:  "Queremos
  que jureis pelo Deus de Israel e por Adonai, para que assim digais a verdade,
  de como haveis ressuscitado e quem é aquele que vos tirou de entre os
  mortos".  Quando
  os ressuscitados ouviram isto, fizeram sobre suas faces o sinal da cruz e
  disseram aos pontífices: "Dai-nos papel, tinta e pena".
  Trouxeram-lhes e, sentando-se, escreveram da seguinte maneira:  Oh,
  Senhor Jesus Cristo, ressurreição e vida do mundo! Dai-nos a graça para
  fazermos o relato da tua ressurreição e das maravilhas que fizeste no
  Inferno. Nós estávamos, então, no Inferno em companhia de todos os que haviam
  morrido desde o princípio. E na hora da meia-noite amanheceu naquelas trevas,
  algo assim como a luz do sol, e com o seu brilho fomos todos iluminados e
  pudemos ver-nos uns aos outros. E ao mesmo tempo o nosso pai Abraão, os
  patriarcas e profetas e todos em uníssono regozijaram-se e disseram entre si:
  "Esta luz provém de um grande resplendor".  Então
  o profeta Isaías, ali presente, disse:  "Esta
  luz provém do Pai, do Filho e do Espírito Santo; sobre ela ou profetizei,
  quando ainda estava na terra, desta maneira: "Terra de Abulão e terra de
  Neftali, o povo que estava sumido nas trevas viu uma grande luz'.  Depois
  surgiu do meio um asceta do deserto, e os patriarcas perguntaram-lhe:
  "Quem sois?" Ele respondeu: "Eu sou João, o último dos
  profetas, aquele que preparou os caminhos do Filho de Deus e pregou a
  penitência ao povo para remissão dos pecados. O Filho de Deus veio ao meu
  encontro e, ao vê-lo de longe, disse ao povo: "Eis aqui o cordeiro de
  Deus, aquele que tira os pecados do mundo'. E com minha própria mão baptizei-o
  no rio Jordão e vi o Espírito Santo em forma de pomba que descia sobre ele. E
  ouvi também a voz de Deus Pai, que assim dizia: "Este é meu Filho, o
  amado, o que me agrada'.  E por
  isso mesmo também enviou-me a vós para anunciar-vos a chegada do Filho de
  Deus unigénito a este lugar, a fim de que aquele que acreditar nele seja
  salvo, e quem não acreditar, seja condenado. Por isto recomendo a todos que,
  enquanto o virdes, adoreis somente a ele, porque esta é a única oportunidade
  de que dispondes para fazer penitência pelo culto que rendestes aos ídolos
  enquanto vivíeis no mundo vil de antes e pelos pecados que cometestes; isto
  já não poderá ser feito em outra ocasião.  Ao
  ouvir o primeiro a ser criado e pai de todos a instrução que João estava
  dando aos que se encontravam no inferno, disse Adão ao seu filho Seth:
  "Meu filho, quero que digas aos pais do género humano e aos profetas
  para onde eu o enviei quando caí no transe da morte". Seth disse:
  "Profetas e patriarcas, escutai: meu pai Adão, a primeira das criaturas,
  caiu uma vez em perigo de morte e enviou-me para fazer orações a Deus muito
  próximo da porta do paraíso, para que me fizesse chegar por meio de um anjo
  até a árvore da misericórdia, de onde haveria de tomar do óleo, para com ele
  ungir meu pai para que assim ele pudesse recuperar-se de sua doença. Assim
  fiz. E, depois de fazer minha oração, um anjo do Senhor veio e disse-me:
  "Que pedes, Seth? Buscas o óleo que cura os doentes ou a árvore que o
  distila para a doença do teu pai? Isto não pode ser encontrado agora. Vai,
  pois, e diz ao teu pai que depois de cinco mil e quinhentos anos, a partir da
  criação do mundo, haverá de descer o Filho de Deus humanizado; Ele
  encarregar-se-á de ungi-lo com este óleo, e teu pai levantar-se-á; e, além
  disso, purificá-lo-á, tanto a ele quanto aos seus descendentes com água e com
  o Espírito Santo; e então, sim, ver-se-á curado de todas as doenças, porém,
  por agora, isto é impossível'."  Os
  patriarcas e profetas que ouviram isto alegraram-se grandemente.  E,
  enquanto estavam todos se regozijando desta forma, Satanás, o herdeiro das
  trevas, veio e disse ao Inferno: "ó tu, devorador insaciável de todos,
  ouve minhas palavras: anda por aí um certo judeu, de nome Jesus, que chama-se
  a si mesmo Filho de Deus; mas, como é um homem puro, os judeus deram-lhe a
  morte na cruz, graças à nossa cooperação. Agora, então, que acaba de morrer,
  estejas preparado para que possamos colocá-lo aqui bem aprisionado; pois eu
  sei que não é mais do que um homem, e ouvi-o até dizer: "Minh'alma está
  triste por causa da morte'. Sabes, além disso, que ele me causou muitos danos
  no mundo enquanto vivia entre os mortais, pois aonde quer que eu encontrasse
  meus servos, ele os perseguia; e todos os homens que eu deixava mutilados,
  cegos, coxos, leprosos ou algo semelhante, ele os curava somente com sua
  palavra; até muitos deles para os quais eu  já
  havia preparado sepultura, ele fazia reviver somente com sua palavra".  Então
  disse o Inferno: "E é ele tão poderoso assim que pode fazer tais coisas
  somente com sua palavra? E, sendo ele assim, tu porventura te atreves a
  enfrentá-lo? Eu creio que diante de alguém como ele, ninguém poderá opor-se.
  E o que disseste tê-lo ouvido exclamar, expressando seu temor diante da
  morte, disse-o sem dúvida, para rir-se de ti e enganar-te, para poder
  desafiar-te com seu poder. E então, ai! ai de ti por toda a eternidade!"
  Ao que Satanás respondeu: "ó Inferno, devorador insaciável de todos!
  Sentiste tanto medo assim ao ouvir falar de nosso inimigo comum? Eu nunca lhe
  tive medo, e bem que aticei os judeus, e eles o crucificaram e deram-lhe de
  beber fel com vinagre. Prepara-te, então, para que quando venha possa
  subjugá-lo firmemente".  O
  Inferno respondeu: "Herdeiro das trevas, filho da perdição, caluniador,
  acabas de dizer-me que ele fazia reviver somente com sua palavra a muitos dos
  que tu havia preparado para a sepultura; se, pois, ele livrou outros do
  sepulcro, como e com que forças nós seremos capazes de subjugá-lo? Há pouco
  tempo devorei um cadáver chamado Lázaro; porém, pouco depois, um dos vivos,
  somente com sua palavra, arrancou-o à força das minhas entranhas. E penso que
  ele é o mesmo ao qual tu te referes. Se, pois, viermos a recebê-lo aqui,
  tenho medo de que corramos perigo também com relação aos demais porque deves
  saber que vejo agitados todos os que devorei desde o princípio, e sinto dores
  na minha barriga. E Lázaro, aquele que me foi arrebatado anteriormente, não é
  um bom presságio, pois voou para longe de mim, não como um morto mas sim como
  uma águia: tão rapidamente arremessou-o fora da terra. Assim, pois,
  conjuro-te por tuas artes e pelas minhas, não o tragas aqui. Tenho para mim
  que o fato de ele ter-se apresentado em nossa mansão quer dizer que todos os
  mortos cometeram pecado. E considera que, pelas trevas que possuímos, se o
  trouxeres aqui, não me restará nem um só dos mortos".  Enquanto
  Satanás e o Inferno diziam tais coisas entre si, produziu-se uma grande voz
  como um trovão, que dizia: "Elevai, ó príncipes, vossas portas;
  descerrai, ó portas eternas, e o Rei da Glória entrará". Quando o
  Inferno ouviu isto, disse a Satanás: "Sai, se és capaz, e
  enfrenta-o". E Satanás saiu. Depois o Inferno disse para seus demónios:
  "Trancai bem e fortemente as portas de bronze e os ferrolhos de ferro;
  guardai minhas fechaduras e examinai tudo o que está em pé, pois, se aquele
  entrar aqui, ai! apoderar-se-á de nós".  Os
  pais que ouviram isto começaram a fazer-lhe zombarias dizendo: "Comilão
  insaciável, abre para que o Rei da Glória entre". E o profeta Davi
  disse: "Não sabes, cego, que estando eu ainda no mundo, fiz esta
  profecia: "Elevai, ó príncipes, vossas portas!?'"  Isaías
  por sua vez disse: "Eu, prevendo isto pela virtude do Espírito Santo,
  escrevi: "Os mortos ressuscitarão e os que estão no sepulcro
  levantar-se-ão e os que vivem na terra alegrar-se-ão'; e onde estão, ó morte,
  teus grilhões? Aonde, Inferno, a tua vitória?"  Então,
  de novo veio uma voz que dizia: "Levantai as portas". O Inferno,
  que ouviu repetir esta voz, disse como se não se apercebesse: "Quem é
  este Rei da Glória?" E os anjos do Senhor responderam: "O Senhor
  forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha". E num instante, à
  convocação de conjuração desta voz, as portas de bronze se tornaram
  pequeninas e os ferrolhos de ferro ficaram reduzidos a pedaços, e todos os
  defuntos acorrentados viram-se livres de suas correntes, e nós dentre eles. E
  entrou o Rei da Glória na figura humana, e todos os antros escuros de Inferno
  foram iluminados.  Em
  seguida o Inferno começou a gritar: "Fomos vencidos, ai de nós! Mas quem
  és tu, que possuis tal poder e força? Quem és tu, que vens aqui sem pecado?
  Aquele que é pequeno na aparência e pode grandes coisas, o humilde e o
  excelso, o servo e o senhor, o soldado e o rei, aquele que tem poder sobre os
  vivos e os mortos? Foste pregado à cruz e colocado no sepulcro, e agora
  ficaste livre e desfizeste nossa força. Então, por conseguinte, é tu Jesus,
  de quem nos falava o grande sátrapa Satanás, que pela cruz e pela morte
  tornarte-ias dono de todo o mundo?"  Então
  o Inferno encarregou-se de Satanás e disse-lhe: "Belzebu, herdeiro do
  fogo e da tempestade, inimigo dos santos, que necessidade tinhas de
  providenciar para que o Rei da Glória fosse crucificado e que viesse depois
  aqui e nos despojasse? Vira-te e olha que em mim não ficou nenhum morto, pois
  que tudo o que ganhaste pela árvore da ciência puseste a perder pela cruz.
  Todo o teu gozo converteu-se em tristeza, e a pretensão de matar o Rei da
  Glória provocou tua própria morte. E, uma vez que te recebi com a
  recomendação de subjugar-te fortemente, aprenderás com a própria experiência
  quanto mal sou capaz de infligir-te. Ó chefe dos diabos, princípio da morte,
  raiz do pecado, final de toda a maldade, que encontraste de mal em Jesus para
  buscar sua perdição? Como tiveste coragem para perpetrar um crime tão grande?
  Por que te ocorreu fazer um varão como este descer até estas trevas, pois as
  despojou de todos os que morreram desde o princípio?"  Enquanto
  o Inferno admoestava assim Satanás, o Rei da Glória estendeu sua mão direita
  e com ela pegou e levantou o primeiro pai Adão. Depois dirigiu-se aos demais
  e disse-lhes: "Vinde aqui comigo todos os que foram feridos de morte
  pelo madeiro que me tocou, pois eis aqui que eu vos ressuscito pela madeira
  da cruz". E com isto levou todos para fora. E o primeiro pai Adão
  apareceu transbordante de gozo e dizia: "Agradeço, Senhor, tua
  magnanimidade por me haveres tirado do mais profundo Inferno". E também
  todos os profetas e santos disseram: "Damos-te graças, ó Cristo Salvador
  do mundo, porque tiraste nossa vida da corrupção".  Depois
  de assim haverem falado, o Salvador abençoou Adão na testa com o sinal da
  cruz. Depois fez a mesma coisa com os patriarcas, profetas, mártires e
  progenitores. E a seguir pegou-os a todos e deu um salto do Inferno. E
  enquanto ele caminhava, os santos pais seguiam-no cantando e dizendo:
  "Bendito aquele que vem em nome do Senhor. Aleluia! Sejam para ele os
  louvores de todos os santos".  Ia,
  então, a caminho do paraíso levando pela mão o primeiro pai Adão. E ao
  chegar, entregou-o, assim como os demais justos, ao arcanjo Micael. E quando
  entraram pela porta do paraíso, saíram dois anciãos, aos quais os santos pais
  perguntaram: "Quem sois vós, que não viestes a morte nem descestes ao
  Inferno, mas viveis de corpo e alma no paraíso?" Um deles respondeu e
  disse: "Eu sou Enoch, aquele que agradou ao Senhor e foi trazido aqui
  por Ele; este é Elias e Tesbita; ambos seguiremos vivendo até a consumação
  dos séculos; então seremos enviados por Deus para enfrentar o anticristo e
  ser mortos por ele, e ressuscitar no terceiro dia, para depois sermos
  arrebatados pelas nuvens ao encontro do Senhor".  Enquanto
  eles assim se expressavam, veio outro homem de aparência humilde, que levava
  ainda sobre os seus ombros uma cruz. Os santos pais disseram-lhe: "Quem
  és tu, que tens o aspecto de ladrão, e que é essa cruz que leva sobre teus
  ombros?" Ele respondeu: "Eu, segundo dizes, era ladrão e assaltante
  no mundo e por isso os judeus prenderam-me e entregaram-me à morte na cruz
  juntamente com Nosso Senhor Jesus Cristo. E enquanto ele pendia na cruz, ao
  ver os prodígios que se sucederam, acreditei e roguei a ele dizendo:
  "Senhor, quando reinares, não te esqueças de mim'. E ele logo disse-me:
  "Em verdade em verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo no paraíso. Vim,
  pois, com minha cruz nas costas até o paraíso e, encontrando o arcanjo
  Micael, disse-lhe: Nosso Senhor Jesus, aquele que foi crucificado, enviou-me
  aqui; leva-me, então, até a porta do Éden'. E quando a espada de fogo viu o
  sinal da cruz, abriu-me a porta e entrei. Depois o arcanjo disse-me:  "Espera
  um momento, já que também deve ir o primeiro pai da raça humana, Adão, em
  companhia dos justos, para que eles também entrem. E agora, ao vê-los, saí ao
  vosso encontro'."  Quando
  os santos ouviram isto, exclamaram em voz alta da seguinte maneira:
  "Grande é o nosso Senhor e grande é o seu poder".  Tudo
  isto nós vimos e ouvimos, os dois irmãos gémeos, que fomos também enviados
  pelo arcanjo Micael e designados para pregar a ressurreição do Senhor antes
  de ir até o Jordão e sermos baptizados. Para ali fomos e fomos baptizados
  juntamente com outros defuntos também ressuscitados; depois viemos a
  Jerusalém e celebramos a Páscoa da ressurreição. Mas agora, na
  impossibilidade de permanecermos aqui, vamo-nos. Que a caridade, então, de
  Deus Pai e a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo e a comunicação dos Espírito
  Santo estejam convosco". E, uma vez isto escrito e fechados os livros,
  deram a metade aos pontífices e a outra metade a José e a Nicodemus. Eles,
  por sua vez, desapareceram imediatamente para a glória de Nosso Senhor Jesus
  Cristo. Amém.  DESCIDA
  DE CRISTO AO INFERNO  Versão
  Latina  Então
  os mestres Addas, Finnes e Égias, três varões que vieram da Galiléia para
  testemunhar que haviam visto Jesus ser arrebatado ao céu, levantaram-se em
  meio à multidão de chefes dos judeus e disseram na presença dos sacerdotes e
  levitas reunidos em conselho: "Senhores, quando íamos da Galiléia ao
  Jordão, veio ao nosso encontro uma grande multidão de homens vestidos de
  branco que haviam morrido já há algum tempo.  Dentre
  eles reconhecemos Karino e Lêucio; e quanto eles se aproximaram de nós e nos
  beijamos mutuamente, já que haviam sido nossos amigos, perguntamos-lhes:
  "Dizei-nos, irmãos e amigos, que são esta alma e este corpo, e quem são
  essas pessoas com quem caminhais, e como viveis no corpo, sendo que já faz
  tempo que morrestes?"  Eles
  responderam desta maneira: "Ressuscitamos dos infernos com Cristo e Ele
  tirou-nos de entre os mortos. E saibas que a partir de agora ficam destruídas
  as portas da morte e das trevas, e as almas dos santos foram tiradas dali e
  subiram ao céu com Cristo Senhor Nosso. O Senhor em pessoa mandou-nos que,
  durante um certo tempo vagássemos pelas margens do Jordão e pelos montes, entretanto
  sem que nos deixássemos ver e sem que falássemos com ninguém, mas somente com
  aqueles que ele permitisse. Neste momento, não nos seria possível nem falar
  nem nos deixar ver por vós se não nos tivesse sido permitido pelo Espírito
  Santo".  Diante
  destas palavras, a multidão que assistia ao conselho ficou assustada, presa
  de temor e de tremor, e dizia: "Por ventura será verdade o que estes
  dois galileus testemunham?" Então Anás e Caifás dirigiram-se ao conselho
  nestes termos: "Descobrir-se á imediatamente o que está relacionado com
  todas estas coisas de que estes deram testemunho antes e depois: se se
  comprovar ser verdade que Karino e Lêucio permanecem vivos em seus corpos, e
  se nos for permitido vê-los com nossos próprios olhos, significa que é verdade
  o que eles testemunham com todos os detalhes, e, quando os encontrarmos,
  informar-nos-ão com certeza de tudo. Caso contrário, porém, sabei que tudo é
  pura farsa".  Puseram-se,
  então, a deliberar e concordaram em escolher alguns homens idóneos e tementes
  a Deus, que os sabiam mortos e os conheciam a sepultura em que haviam sido
  colocados, para que fizessem diligentes pesquisas e comprovassem se aquilo
  era, na verdade, tal como haviam dito. Assim, pois, foram lá quinze homens
  que haviam presenciado a sua morte e haviam estado pessoalmente no lugar da
  sepultura, e haviam visto seus sepulcros. Examinaram, então, e os encontraram
  abertos, bem como outros tantos, sem que pudessem ver sinais de seus ossos ou
  de suas cinzas. E voltaram com grande surpresa, relatando o que haviam visto.
   Então
  a sinagoga inteira turbou-se, cheia de uma angústia terrível, e disseram
  entre si:  "Que
  haveremos de fazer?" Anás e Caifás disseram: "Dirigimo-nos ao lugar
  onde eles estão, e enviemos até eles homens de nobreza, intercessores que
  lhes supliquem que se dignem vir a nós". Enviaram, então, Nicodemus,
  José e os três mestres galileus que os haviam visto, com o pedido de que
  fizessem a gentileza de vir até eles. Puseram-se, então, a caminho e andaram
  por todos os arredores de Jordão e dos montes. Mas, não os tendo encontrado,
  já estavam tomando o caminho de volta.  Quando,
  de repente, avistaram uma grande multidão, como de uns doze mil homens que
  haviam ressuscitado com o Senhor e que desciam do monte Amalech. Eles
  reconheceram muitos deles, porém não foram capazes de dirigir-lhes uma só
  palavra, com medo da visão angélica, e contentaram-se em vê-los de longe e
  ouvi-los cantando hinos e dizendo: "O Senhor ressuscitou de entre os
  mortos, como havia dito; alegremo-nos e regozijemo-nos todos, porque ele
  reina eternamente". Então os que foram buscá-los ficaram mudos de
  admiração e receberam deles o conselho de ir procurar Karino e Lêucio em suas
  próprias casas.  Levantaram-se,
  então, e foram buscá-los em suas casas, onde os encontraram entregues à
  oração. E, entrando no lugar em que estavam, caíram com os rostos por terra e
  assim que se cumprimentaram, levantaram-se e disseram: "Amigos de Deus,
  ao ouvir que havíeis ressuscitado de entre os mortos, a assembléia dos judeus
  enviou-nos a vós para pedir-vos encarecidamente que vos dirijais até eles,
  para que possamos juntos conhecer as maravilhas divinas que tiveram lugar à
  nossa volta em nossos tempos". Eles então levantaram-se imediatamente,
  movidos pela inspiração divina, e, em sua companhia, entraram na sinagoga. E
  a assembléia dos judeus, juntamente com os sacerdotes, passaram às suas mãos
  os livros da lei e os conjuraram pelo Deus Heloi e Deus Adonai e pela lei e
  pelos profetas desta maneira: "Dizei-nos como haveis ressuscitado de entre
  os mortos e o que são estas maravilhas que tiveram lugar em nossos tempos,
  maravilhas de que jamais ouvimos falar em qualquer outro tempo. Sabei, então,
  que o pavor e a estupefação atingiram nossos ossos e que a terra moveu-se sob
  nossos pés, por havermos juntado nossa vontade para derramar sangue justo e
  santo".  Então,
  Karino e Lêucio fizeram-lhes sinais com as mãos para que lhes descem um rolo
  de papel e tinta. E assim o fizeram porque o Espírito Santo não lhes permitiu
  falar com eles.  Deram
  a cada um papel e os separaram em diferentes salas. E eles então, depois de
  fazerem o sinal da cruz com os dedos, começaram a escrever cada um seu
  próprio rolo. E, quando terminaram, exclamaram a uma só voz, de suas salas:
  "Amém". Em seguida Karino levantou-se e deu seu papel para Anás,
  enquanto que Lêucio fez o mesmo com Caifás. E depois de se despedirem, saíram
  e voltaram aos seus sepulcros.  Então,
  Anás e Caifás abriram cada um o seu volume e começaram a ler em segredo. O
  povo, porém, sentindo-se ofendido, exclamou em uníssono: "Lede esses
  escritos em voz alta, e, depois, haveremos de conservá-los para que a verdade
  divina não venha a ser adulterada por indivíduos imundos e ardilosos, levados
  pela obsessão". Então Anás e Caifás, cheios de tremor, entregaram o rolo
  de papel ao mestre Addas, ao mestre Finees e ao mestre Égias, que haviam
  vindo da Galiléia com a notícia de que Jesus havia sido elevado ao céu; e
  todo o povo confiou neles para que lessem este escrito. E leram o papel, que
  continha o seguinte:  "Senhor
  Jesus Cristo, permite que eu, Karino, exponha as maravilhas que operaste nos
  Infernos. Enquanto nós nos encontrávamos presos nos Infernos, desaparecidos
  nas trevas e nas sombras da morte, vimo-nos de repente iluminados por uma
  grande luz e o Inferno e as portas da morte estremeceram. Então fez-se ouvir
  a voz do Filho do Altíssimo, como se fosse a voz de um grande trovão que,
  dando um forte brado, disse: "Deixai que se abram, ó príncipes, vossas
  portas; descerrai as portas da eternidade, pois sabeis que Cristo Senhor, Rei
  da Glória, virá para entrar.  "Então
  Satanás, o príncipe da morte, ouvindo o brado, fugiu aterrorizado para dizer
  aos seus subordinados e aos Infernos: "Meus ministros e todos os
  Infernos, vinde todos aqui, fechai vossas portas, colocai os ferrolhos, lutai
  com denodo e resisti, não aconteça que, sendo donos das correntes, venhamos a
  ficar presos nelas'. Então, todos os seus ímpios satélites, perturbados,
  puseram-se apressadamente a fechar as portas da morte, a verificar as
  fechaduras e os ferrolhos, e a empunhar com firmeza todas as suas armas, e a
  lamentar com voz sinistra e horripilante.  "Então
  Satanás disse ao Inferno: "Prepara-te para receber alguém que vou
  trazer-te'.  Mas o
  Inferno assim respondeu a Satanás: "Esta voz não foi outra coisa senão o
  brado do Filho do Pai Altíssimo, pois diante das suas palavras a terra e os
  lugares do Inferno entraram em comoção; penso que tanto eu quanto minhas
  ligações ficaram agora patentes e a descoberto. Mas afirmo-te, ó Satanás,
  cabeça de todos os males, por tua força e pela minha, que não o tragas a mim,
  a não ser que, querendo pegá-lo, venhamos nós a ser presos por ele. Pois se
  somente com sua voz minha fortaleza ficou de tal forma desfeita, que fazer
  quando estiver em sua presença?'  "Por
  sua vez, Satanás, o príncipe da morte, assim respondeu: "Por que gritas?
  Não tenhas medo, perversíssimo amigo de outrora, porque fui eu quem incitou o
  povo judeu contra ele e graças a mim foi ferido com bofetadas, e eu perpetrei
  sua traição através de um dos seus. Além disso, é um homem muito temeroso
  diante da morte, posto que, deixando-se oprimir pela força do temor, disse:
  "Minh'alma está triste até a morte'. E eu mesmo trouxe até ela, já que
  agora está dependurado na cruz'.  "Então
  o Inferno lhe disse: "Se é ele quem somente com o poder do seu verbo fez
  Lázaro voar das minhas entranhas como uma águia, morto já há quatro dias,
  esse não é um homem na sua humanidade, mas sim Deus na sua majestade.
  Suplico-te, então, que não mo tragas aqui'. Satanás contestou: "Entretanto,
  prepara-te; não tenhas medo. Agora que já está dependurado na cruz, não posso
  fazer outra coisa'. Então o Inferno respondeu a Satanás da seguinte maneira:
  "Se, então, não és capaz de fazer outra coisa, tua perdição está perto.
  Em última instância, eu ficarei, sim, abatido e sem honra, mas tu serás
  crucificado sob meu  domínio'.
   "Enquanto
  isso, os santos de Deus estavam escutando a contenda entre Satanás e o
  Inferno; eles ainda não se reconheciam, mas estavam a ponto de começar a se
  conhecer. E nosso pai Adão, por sua vez, assim respondeu a Satanás: "Ó
  príncipe da morte, por que tremes e te amedrontas? Olha, o Senhor virá e irá
  destruir agora mesmo todas as tuas criaturas, e tu serás amarrado por ele e
  ficarás preso por toda a eternidade'.  "Então,
  todos os santos, ao ouvir a voz de nosso pai Adão e ao ver com que
  integridade respondia a Satanás, alegraram-se e sentiram-se reconfortados; em
  pouco tempo, puseram-se a andar em massa ao lado de Adão e reuniram-se a ele.
  E nosso pai Adão, ao olhar mais atentamente toda aquela multidão, admirava-se
  de ver que todos haviam sido gerados por ele neste mundo. E então, depois de
  abraçar todos os que estavam ao seu redor, disse ao seu filho Seth,
  derramando amargas lágrimas: "Meu filho Seth, conta aos santos patriarcas
  e profetas o que o guardião do paraíso te disse quando caí doente e enviei-te
  para que me trouxesses um pouco de óleo da misericórdia e me ungisses com
  ele'.  "E
  Seth disse: "Quando me enviaste à porta do paraíso, orei e roguei ao Senhor
  com lágrimas e chamei o guardião do paraíso para que me desse um pouco desse
  óleo. Então o arcanjo Micael saiu e disse-me: "Seth, por que choras? A
  propósito, saibas que teu pai Adão não receberá este óleo de misericórdia,
  senão depois de muitas gerações se haverem passado. Pois descerá do céu ao
  mundo o Filho de Deus e será baptizado por João no rio Jordão; aí teu pai
  receberá este óleo de misericórdia, juntamente com todos os que crêem nele; e
  o reino dos que acreditaram nele permanecerá pelos séculos'.  "Quando
  os santos ouviram isto exultaram. E um deles ali presente, chamado Isaías,
  exclamou em altos brados: "Pai Adão e todos os presentes, escutai minhas
  palavras: enquanto vivia eu na terra, inspirado pelo Espírito Santo compus um
  cântico profético sobre esta luz, dizendo: "O povo que permanecia nas
  trevas viu uma grande luz, amanheceu a luz para os habitantes da região das
  sombras da morte'. Ao ouvir isto, Adão e todos os presentes o interrogaram:
  "Quem és tu? Porque é verdade o que estás dizendo'. E ele respondeu:
  "Eu me chamo Isaías'.  "Então
  alguém que se assemelhava a um religioso aproximou-se. E perguntaram-lhe
  dizendo: "Quem és tu, que levas tais sinais em teu corpo?' E ele
  respondeu com firmeza: "Eu sou João Batista, a voz e o profeta do Altíssimo.
  Eu caminhei diante da face do próprio Senhor para converter os desertos e os
  caminhos ásperos em veredas planas. Com o meu dedo, apontei os jerosolimitas
  e glorifiquei o cordeiro do Senhor e o Filho de Deus. Eu o baptizei no rio
  Jordão e pude ouvir a voz do Pai que trovejava do céu sobre ele e proclamava:
  "Este é meu Filho amado, nele regozijo-me'. Eu também ouvi dele a
  promessa de que ele próprio haveria de descer aos Infernos'.  "O
  pai Adão ao ouvir isto exclamou com voz grave: "Aleluia', que significa:
  o Senhor está chegando.  Depois,
  outro dos que estavam presentes e que se distinguia por uma espécie de
  insígnia imperial, chamado Davi, pôs-se a falar, dizendo: "Eu, vivendo
  ainda na terra, revelei ao povo os mistérios da misericórdia de Deus, profetizando
  os futuros prazeres que haveriam de vir com o passar dos séculos, da seguinte
  maneira: "Dai glória a Deus por suas misericórdias e suas maravilhas aos
  filhos dos homens, porque despedaçou as portas de bronze e arrebentou os
  ferrolhos de ferro'. Então os santos patriarcas e profetas começaram a se
  reconhecer e a falar, um por um, de suas profecias. O santo profeta Jeremias,
  examinando suas profecias, dizia aos patriarcas o profetas: "Vivendo na
  terra, profetizei sobre o Filho de Deus, que apareceu na terra e conversou
  com os homens'.  "Então
  todos os santos cheios de alegria por causa da luz do Senhor, por ver o pai
  Adão e pela resposta de todos os patriarcas e profetas, exclamaram:
  "Aleluia, bendito o que vem em nome do Senhor', de maneira que diante
  dessa exclamação, Satanás encheu-se de pavor e procurou um caminho para
  fugir. Mas isto não lhe era possível, porque o Inferno e seus satélites
  tinham-no subjugado o sitiado e diziam-lhe: "Por que tremes? De nenhuma
  maneira permitiremos que saias daqui, mas haverás de receber isto como bem
  merecido, das mãos daquele a quem atacavas sem trégua; caso contrário, saibas
  que serás acorrentado por ele e submetido à minha custódia'.  "E
  novamente ressoou a voz do Filho do Pai Altíssimo, como o estrondo de um grande
  trovão, que dizia: "Levantai vossas portas, ó príncipes, e elevai-vo, ó
  portas eternas, que o Rei da Glória vai entrar'. Estão Satanás e o Inferno
  puseram-se a gritar assim: "Quem é esse Rei da Glória?' E a voz do
  Senhor lhes respondeu: "O Senhor forte e poderoso, o Senhor forte na
  batalha'.  "Depois
  de ouvir-se esta voz, veio um homem cujo aspecto era como o de um ladrão, com
  uma cruz às costas, que gritava do lado de fora dizendo: "Abri a porta
  para que eu entre". Satanás então entreabriu-a e introduziu-o no
  recinto, fechando a porta atrás dele. E todos os santos viram-no cheio de luz
  e disseram-lhe: "Teu aspecto exterior é de ladrão; diga-nos, que é isso
  que levas em tuas costas?' Ele humildemente respondeu e disse: "Na
  verdade, fui mesmo um ladrão, e os judeus dependuraram-me na cruz com meu
  Senhor Jesus Cristo, Filho do Pai Altíssimo. Enfim, adiantei-me, mas ele vem
  imediatamente atrás de mim'.  "O
  santo Davi, então, encheu-se de cólera contra Satanás e bradou: "Abre
  tuas portas, ó asqueroso, para que o Rei da Glória entre'. E todos os santos
  de Deus também se insurgiram contra Satanás e queriam agarrá-lo e destruí-lo.
  E de novo ouviu-se um grito que vinha de dentro: "Descerrai vossas
  portas, ó príncipes, e elevai-vos, ó portas eternas, que o Rei da Glória vai
  entrar'. E o Inferno e Satanás novamente perguntaram àquela voz clara,
  dizendo: "Quem
  é este Rei da Glória?' E aquela voz maravilhosa respondeu: "O Senhor das
  virtudes, ele é o Rei da Glória'.  "E
  no mesmo instante o Inferno pôs-se a tremer e as portas da morte, bem como as
  fechaduras, despedaçaram-se, e os ferrolhos do Inferno romperam-se e caíram
  ao chão, deixando todas as coisas a descoberto. Satanás permaneceu no meio em
  pé, confuso e prostrado, com os pés presos por grilhões. E eis que o Senhor
  Jesus Cristo entrou rodeado de uma claridade sublime, manso, grande e
  humilde, levando em suas mãos uma corrente; com ela amarrou o pescoço de
  Satanás e depois de novamente unir suas mãos às costas, arremessou-o ao
  Tártaro e pôs seu santo pé em sua garganta, dizendo: "Fizeste muitas
  coisas más no decorrer dos séculos; não deste nenhum descanso; hoje
  entrego-te ao fogo eterno'. E chamando novamente o Inferno, disse-lhe com
  autoridade: "Toma este amaldiçoado e perverso Satanás e mantém-no sob tua
  custódia até o dia que eu determinar'.  O
  Inferno aceitou-o e ambos precipitaram-se no profundo do abismo.  "Então
  Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador de todos, piedosíssimo e muito suave,
  saudando novamente Adão, dizia-lhe com bondade: "A paz esteja contigo,
  Adão, na companhia de teus filhos por todos os séculos dos séculos, amém'. E
  o pai Adão prostrou-se então aos pés do Senhor e, levantando-se, beijou suas
  mãos e derramou abundantes lágrimas dizendo: "Eis as mãos que me
  criaram, elas dão testemunho a todos'. Depois dirigiu-se ao Senhor, dizendo:
  "Vieste, ó Rei da Glória, para livrar os homens e integrá-los ao teu
  reino eterno'. E nossa mãe Eva caiu de maneira semelhante aos pés do Senhor,
  e levantando-se novamente, beijou suas mãos e derramou abundantes lágrimas
  enquanto dizia: "Eis as mãos que me criaram, elas dão testemunho a
  todos".  "Então,
  todos os santos o adoraram e disseram aos brados: "Bendito o que vem em
  nome do Senhor, o Senhor Deus iluminou-nos. Assim seja por todos os séculos.
  Aleluia por todos os séculos: louvor, honra, virtude, glória, porque vieste
  do alto para visitar-nos'. E, cantando "aleluia' e regozijando-se de
  glória, acorriam ao Senhor. Então o Salvador perscrutou à sua volta e mordeu
  o Inferno, e com a mesma rapidez com que havia arremessado uma parte às
  profundezas do Tártaro, a outra subiu consigo aos céus.  "Então,
  os santos de Deus rogaram ao Senhor que deixasse nos Infernos o sinal da
  santa cruz, sinal de vitória, para que seus perversos ministros não
  conseguissem reter nenhum culpado que tivesse sido absolvido pelo Senhor. E
  assim se fez, e o Senhor colocou sua cruz no meio do Inferno, que é sinal de
  vitória e lá permanecerá por toda a eternidade.  "Depois
  todos saímos dali na companhia do Senhor, deixando Satanás e o Inferno no
  Tártaro. E nos enviou a nós e a muitos outros que havíamos ressuscitado com
  nosso corpo, para dar testemunho da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo
  e do que acontecera nos Infernos.  "Caríssimos
  irmãos, isto é o que vimos e testemunhamos, depois de termos sido chamados
  por vós e o que testemunha aquele que morreu e ressuscitou por nós; porque da
  forma como as coisas aconteceram, elas foram escritas com todos os
  detalhes."  E
  quando terminaram de ler o escrito, todos os que escutavam caíram com o rosto
  no chão e puseram-se a chorar amargamente, enquanto batiam duramente no peito
  e diziam aos gritos: "Ai de nós! Aonde chegamos com nossa desgraça? Foge
  Pilatos, fogem Anás e Caifás, fogem os sacerdotes e levitas, fogem também o
  povo dos judeus dizendo entre soluços: "Ai de nós! Derramamos sobre a
  terra sangue inocente'."  Assim,
  então, durante três dias e três noites não provaram nem do pão nem da água e
  nenhum deles voltou à sinagoga. Mas ao terceiro dia, o conselho novamente se
  reuniu e leu a carta de Lêucio na íntegra, e não se encontrou nela nem mais
  nem menos, nem sequer havia mudado uma só letra do escrito de Karino. Então
  turbou-se a sinagoga e todos choraram durante quarenta dias e quarenta
  noites, esperando a morte e a divina vingança das mãos de Deus. Mas o
  altíssimo, que é todo piedade e misericórdia, não os aniquilou para que
  pudesse oferecer-lhes uma oportunidade de arrependimento. Não foram dignos,
  porém, de se converterem ao Senhor.  Caríssimos
  irmãos, estes são os testemunhos de Karino e de Lêucio sobre Cristo, Filho de
  Deus, e de seus santos nos Infernos, a quem damos todas as graças e glória
  pelos infinitos séculos dos séculos. Amém.  
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