MITOS E MITOLOGIA MITOLOGIA
Egípcia
O SISTEMA MENFITA Menfis é cidade muito antiga. A este, o Nilo corre contra a montanha, a oeste, um grande braço
d'água costeia o platô; entre os dois, estende-se ampla planície na qual se
passa insensivelmente do Alto para o Baixo Egipto. Por volta do ano 3000 a.C., perto de um burgo onde Ptá era
adorado, Menes construiu 6 forte do Muro Branco, controlando, destarte,
"a vida das Duas Terras". Menófer tornou-se Menfis na boca dos
gregos. O sistema criado em Menfis tem raízes políticas. Foi elaborado,
provavelmente, no momento em que a cidade residencial se desenvolvia. Temos
uma narração a respeito que os egiptólogos chamam de Documento da Teologia
Mentita. Esse texto famoso chegou até nós sob a forma de uma cópia
que o rei Sabaca (XXV dinastia, VIII século a.C.) mandou gravar numa lájea de
pedra, conforme o texto de um antiquíssimo rolo de couro roído de vermes. A
interpretação tornou-se difícil não só por causa da língua arcaica, mas
também em virtude das lacunas e dos processos de estilo, inteiramente
diversos dos usuais. Mas, tal como se encontra actualmente o documento, ele
nos permite compreender as grandes linhas da doutrina que os teólogos formularam
por volta da III dinastia. No centro do sistema aparece Ptá, o deus de Mênfis, ao qual
é atribuído o papel de demiurgo ou artífice do Universo. Ptá existia antes de
tudo o mais, no seio do Nun, o Oceano Primordial. Deus manifesta sua
actividade criadora por meio de oito formas que nele existem, verdadeiras
hipóstases da sua própria essência divina. Entre essas hipóstases uma há que intervém especialmente na
obra da criação: É o deus Ur ("O Grande"), que mais ou menos se
confunde com Atum. O deus Ur universal, segundo a teologia menfita é o mesmo
Ptá. Conclui sua obra criadora por meio de duas faculdades, o coração, órgão
que é a sede da Inteligência que concebe as coisas, e a língua, órgão que
profere o verbo criador. Os egípcios, aos quais repugna a abstracção,
personificaram estas duas partes do corpo humano e lhes atribuíram, como
equivalentes divinos, Horo para o coração-inteligência e Tot para a
língua-vontade. O deus Ur-Atum, forma local de demiurgo, deu nascimento,
pelos pensamentos de seu coração e pelas palavras de sua boca, a todos os
seres animados, começando pela Enéade (cuja idéia foi recebida de Mênfis) e
por todos os demais deuses; a seguir criou os homens, os animais, as plantas
e os minerais. Depois de ter criado a Vida e os meios para que ela
subsistisse, criou os princípios da Justiça e do Direito. O documento menfita nos põe em presença de uma cosmogonia
que, sob aparências mitológicas e vagamente panteístas, encerra uma doutrina
de aspecto quase filosófico e reflete os esforços que os teólogos despenderam
para dar uma explicação racional da obra da Criação. Mostra também o documento que os empréstimos feitos ao
corpo de doutrinas heliopolitano tinham como fito principal manifestar o primado
de Ptá sobre as demais divindades. Para
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