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Espaço dedicado à Wicca
Os Esbats
Além dos oitos Sabbats, os povos celtas celebravam também os
Esbats, ou seja, as treze luas cheias ao longo do ano solar. A lua cheia foi
venerada durante milênios por grupos de homens e mulheres, reunidos nos
bosques, nas montanhas ou na beira da água, como a manifestação visível do
princípio cósmico feminino, na forma das deusas lunares ou da Vovó Lua. Com o
advento das religiões patriarcais, houve uma divisão na vida religiosa
familiar. Os homens passaram a reverenciar os deuses – solares e guerreiros
-, enquanto que as mulheres continuavam se reunindo para celebrar a lua cheia
e honrar a Grande Mãe. A cristianização forçada e, principalmente, as
perseguições dos "caçadores de bruxas" durante os oito séculos de
Inquisição, procuraram erradicar a "adoração pagã da Lua" e os
Esbats foram considerados orgias de bruxas e manifestações do demônio.
A palavra Esbat deriva do verbo esbattre, em francês arcaico,
significando "alegrar-se", pois essas celebrações não eram tão
solenes como os Sabbats, proporcionando, além dos trabalhos mágicos, uma
atmosfera jovial. Há também uma semelhança com a palavra "estrus" –
o ciclo lunar de fertilidade -, reforçando a idéia da repetição mensal dessas
comemorações.
Durante os Esbats, reverencia-se a força vital criativa, geradora e
sustentadora do universo, manifestada como a Grande Mãe. A noite de lua cheia
ou o plenilúnio, é o auge do poder da Deusa, sendo o momento adequado para
rituais de cura e trabalhos mágicos. Usam-se altares – simples ou elaborados
– com os símbolos da Deusa e acrescentam-se os elementos específicos da
lunação. Além dos rituais, há cantos, danças, contam-se histórias e fazem-se
meditações. No final, comemora-se repartindo pão ou bolo e bebendo-se vinho,
suco ou chá, brindando à Lua e ofertando um pouco à natureza em sinal de
gratidão à Mãe Terra. O pão sempre simbolizou o alimento tirado da terra,
enquanto que o vinho favorecia a atmosfera de alegria e descontração.
Atualmente, os plenilúnios são comemorados não somente pelos grupos
estruturados da Wicca (os covens), neo-pagã ou xamânica, mas também por
grupos de mulheres ou pelos "solitários". A Deusa está cada vez
mais presente na vida e na alma das mulheres, os raios prateados da Lua
realçando suas múltiplas faces.
Na Antiga Tradição, nas reuniões praticadas por covens ou individualmente, o
ponto máximo do Esbat é o ritual de "Puxar a Lua", ou seja, imantar
uma sacerdotisa ou mulher com a energia da Deusa. O objetivo desse ritual é
triplo: primeiro, procura-se a união com a Deusa para compreender melhor seus
mistérios; segundo, busca-se imantar o espaço sagrado com a energia mágica da
Deusa e, em terceiro lugar, objetiva-se o equilíbrio dos ritmos lunares das mulheres
e o aumento da fertilidade, física e mental. Para atrair a energia da Lua,
usa-se o punhal ritualístico (átame) ou um bastão consagrado, direcionando-o
para um cálice com água. Invoca-se a Deusa e expõe-se seu pedido ou,
simplesmente, entra-se em contato com sua essência, deixando-a penetrar em
todo seu ser. Fundir-se com a energia da Deusa é um ato de realização
espiritual e jamais deve ser usado com fins egoístas, forjando mensagens ou
avisos "recebidos" durante o ritual. Quando o propósito é sincero e
o coração puro, a experiência é sublime e comovente. Após um tempo de
interiorização e contemplação, tornam-se alguns goles da água
"lunarizada" e despeja-se o resto sobre a terra, para
"fertilizá-la". Como em outros rituais, os Esbats devem ser feitos
após invocar-se os Guardiões das direções e os elementos correspondentes,
criando-se o círculo mágico.
Além desse ritual tradicional e formal, pode-se celebrar o plenilúnio de
forma mais complexa e criativa, usando-se os conhecimentos astrológicos da
polaridade Sol-Lua. Durante a lua cheia, a Lua se encontra no signo oposto ao
do Sol, estabelecendo-se, assim, um eixo de complementação. Em certos grupos
mistos, trabalha-se a polaridade Sol-Lua reverenciando-se o casal divino,
representado por deuses solares e deusas lunares, escolhidos conforme as
características astrológicas e espirituais do mês.
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