Hecate – Hino Órfico à Hécate

Hecate

Portal a&eHino Órfico à Hécate

“Hécate a Beleza, eu a invoco:

Vós, dos caminhos e encruzilhadas, do céu, da terra e também do mar.

Vós, vestida de açafrão, dentre as tumbas,

Dançando com as almas mortas e o ritual báquico.

Vós, filha de Perses, amante da desolação, se regozija em gamos e cães, na noite.

Vós, terrível Rainha! Devoradora de bestas!

Despertada, possuída por forma inacessível!

Vós, caçadora de búfalos, Imperatriz soberana universal:

Vós, guia que vagueia pela montanha, é noiva, é pajem,

eu rogo, Ó Donzela, sua presença nestes rituais sagrados.

Vós, que vindes com a graciosidade do touro e um eterno coração alegre”.

Traduzido do grego para o inglês por Shawn Eyer

Hecate é uma das deusas Greco-Romanas simultaneamente mais temida e admirada. Hecate é uma deusa lunar, um pouco á imagem da temida Lilith. Como todas Deusas lunares, Hecate encontra-se profundamente ligada ao mundo da magia, do oculto, da bruxaria, dos mais profundos segredos.

Hecate é a Deusa das bruxas, e simultaneamente a Deusa que vem a este mundo recolher almas para as conduzir ao abismo do reino dos mortos. Trata-se por isso de uma Deusa a que cabe um papel privilegiado na «ponte» entre o mundo dos vivos, e o mundo dos mortos, entre o nosso mundo físico e o mundo dos espíritos.

Hecate é a Deusa das encruzilhadas, onde lhe eram dedicadas oferendas e sacrificios : bodes negros, cães negros ou gatos negros eram-lhe oferendados no decurso de rituais de adoração, ou de feitiçarias. Hecate pode incorporar numa lindíssima mulher de longos cabelos negros, e pode ser uma amante incomparável. Contudo a sua fúria e o seu poder são temíveis, e perante Hecate todo o respeito é pouco para garantir a sua ajuda. Dizem as lendas que Hecate também podia assumir a forma de um majestoso lobo negro, ou de um belo cão preto.

As estatutas existentes nas encruzilhadas onde Hecate era venerada e as bruxarias eram executadas, chamavam-se «hecateias», e constavam na fugira de uma lindíssima mulher com três faces, ou três belos corpos feminino unidos num só.

Hecate permite a operação de tarefas místicas essencialmente através de processo de meditação. Através desse processo, no silencio de uma meditação e através do aprofundamento dos nossos sentidos, pensamentos e forças espirituais, é que Hecate reside e abre portas ao mundo magico. Como deusa lunar que é, Hecate também opera a nível dos sentidos, aguçando-os, excitando-os, fazendo com que a carnalidade e o prazer se tornem uma poderosa chave de concretização de processos místicos poderosos.

Hecate reina na terra (onde vem buscar as almas dos mortos, conduzindo-as para o submundo), no céu (onde viaja através do luar), e do mar (onde se enebria com os prazeres do amor), pelo que é denominada a Deusa Tríplice. 

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As três faces de Hécate

Hecate

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Hécate é o arquétipo mais incompreendido da mitologia grega. Ela é uma Deusa Tríplice Lunar vinculada com o aspecto sombrio do disco lunar, ou seja, o lado inconsciente do feminino. E, representa ainda, o lado feminino ligado ao destino. Seu domínio se dá em três dimensões: no Céu, na Terra e no Submundo. Hécate é, portanto, uma Deusa lunar por excelência e sua presença é sentida nas três fases lunares.
A Lua Nova pressupõe a face oculta de Hécate, a Lua Cheia vai sendo aos poucos sombreada pelo seu lado escuro, revelando o aspecto negativo da Mãe. E a Lua Minguanterevela seu aspecto luminoso. É preciso morrer para renascer.
Esta Deusa ainda permanece com o estigma de ser uma figura do mal. Essa percepção foi particularmente consolidada na psique ocidental durante o período medieval, quando a igreja organizada projetou este arquétipo em simplórias pessoas pagãs do campo que seguiam seus antigos costumes e habilidades populares ligados a fertilidade. Estes indivíduos eram considerados malévolos adoradores do “demônio”. Hécate era então, aDeusa das bruxas, Padroeira do aspecto virago, mas nos é impossível termos uma imagem clara do que realmente acontecia devido às projeções distorcidas, aos medos íntimos e inseguranças espirituais destes sacerdotes e confessores cristãos.

Em épocas primevas, antes do patriarcado ter se estabelecido, é mais fácil descobrir a essência interior do arquétipo Hécate e relacionar-se com ele. Hécate está vinculada com as trevas e com o lado escuro do Lua. A Lua, na verdade, não possui luz própria. A luz que se projeta na Lua é a luz solar. Logo, a Lua Cheia é a Lua vista pela luz do Sol. A Lua Nova Negra é, portanto, a verdadeira face da Lua.

Hécate costuma ser considerada uma Deusa lunar tríplice: Àrtemis, a virgem, personificava a Lua Crescente que renascia; Hécate personifica a escura Lua Nova e Selene, ou Deméter, eram a Lua Cheia. Ou, como as forças da Lua em vários reinos: Selene no Céu, Ártemis na Terra e Hécate no Mundo Inferior.
Sófocles retrata a Ártemis a imagem e semelhança de Hécate, quando a denomina a “flecheira dos cervos, a que porta uma tocha em cada mão”. Em Áulide havia duas estátuas de pedra de Ártemis, uma com arco e flecha e outra com tochas. Parece como se a Deusa originária da lua contivesse o aspecto escuro e luminoso em uma só unidade.
Hécate seria uma projeção de Ártemis, pois a luz pressupõe a sombra. O lado visível da Lua, o lado de Ártemis, que reflete a vida em pleno vigor, pressupõe o lado de Hécate, o lado oculto da lua, o lado da sombra e da morte; a polaridade negativa, o impedimento para a realização, o lado inconsciente.


O perigo que pode ocorrer quando esse lado sombrio se constela é o de que a energia psíquica seja posta a serviço da morte e da doença.
Hécate, Rainha da Noite, como a chama a poetisa Safo, leva uma diadema brilhante e duas tochas ardentes nas mãos, olhos resplandecentes da escuridão. Talvez se trate de uma imagem da intuição que presente à forma das coisas, mas que todavia, é invisível. Isso explicaria por que, junto com Hermes, deus da imaginação, é guardiã das cruzes dos caminhos, onde não se sabe qual é a direção “correta”. Seus companheiros eram os cães, animais que seguem uma rastro “cegamente”. Nos lembra o chacal Anubis do submundo egípcio, que podia distinguir o bom do mal, e o Cérbero, o cão de três cabeças que guardava as portas do submundo da antiga Grécia.


Hécate nos revela, os caminhos mais escondidos e secretos do inconsciente, os sonhos guardados, o lado dos desejos mais ocultos. A Lua Crescente, com suas fases clara e escura, também nos sugere esse domínio do feminino.
O lado de Hécate ainda, traz um potencial para a fertilização, desde que seja encaminhado para este fim. A doença pode ser uma via para a saúde e a morte para servir de adubo para a vida.
O feminino tem um movimento livre dentro do reino oculto. O terreno da magia pertence ao feminino. O masculino está ligado aos aspectos mais claros, mais visíveis, mais objetivos. O campo de ação da ciência pertence ao reino masculino.


Hécate é a Deusa que pode conduzir aos caminhos mais difíceis e perigosos, aos abismos e às encruzilhadas da própria psique. A sua função é de guia dentro do reino oculto da alma.
A Terra é o grande inconsciente uterino de onde brota toda a semente. É também o lugar para onde tudo retornará. Nesse inconsciente crônico a vida e a morte coexistem em um mesmo processo cíclico. Deste modo, o “ser” e o “não ser” podem viver sem conflito.
Hécate é uma antiga Deusa de estrato pré-grego de mitos. Os gregos tiveram dificuldade em enquadrá-la em seu esquema de Deuses, mas terminaram por vê-la como filha dos titãs Perseus e Astéria, Noite Estrelada, que era irmã de Leto, que por sua vez, era mãe deÁrtemis e Apolo. A avó de Hécate era Febe, uma anciã titã que personificava a Lua. Dizia-se que Hécate seria uma reaparição de Febe, e portanto uma Deusa Lunar, que se manifestava na lua escura.
Outras tradições tomaram-na por uma Deusa mais primal, fazendo dela irmã de Erebo e deNix (a Noite).
Zeus deu-lhe um lugar especial entre os Deuses, porque, embora ela não fosse membro do grupo olímpico, permitiu-lhe o domínio sobre o Céu, a Terra e o Mundo Inferior. Ela é, pois, a doadora da riqueza e de todas as bênçãos da vida cotidiana.
Na esfera humana, cabia-lhe presidir os três grandes mistérios do nascimento, da vida e da morte. Seu nome significa “a distante, a remota”, sendo ela vista como protetora dos lugares remotos, guardiã das estradas e dos caminhos.
Seu aspecto tríplice tornava-a especialmente presente nas encruzilhadas, ou seja, na convergência de três caminhos. Nesses locais, os gregos podiam encontrar-se com facilidade com Hécate, razão por que os consideravam sagrados, erigindo aí com freqüência estátuas tricéfalas chamadas Hecatéias. Também deixavam oferendas do seu alimento ritual, o “almoço de Hécate”, nessas encruzilhadas durante seus festivais especiais.
Os três símbolos sagrados de Hécate são:

– a Chave, por ser ela carcereira do Mundo Inferior;

– o Chicote, que revela o seu lado punitivo e seu papel de condutora das almas;

– e o Punhal, símbolo de seu poder espiritual, que mais tarde tornou-se o Athame das bruxas.


Todos os animais selvagens eram consagrados à Hécate e por isso, foi mostrada muitas vezes com três cabeças de animais: o cão, a serpente e o leão, ou alternadamente, o cão, o cavalo e o urso. Seus animais mais conhecidos são entretanto, o cão e o lobo.

 

O cipreste era a árvore sagrada da Deusa.
Na mitologia grega, Hécate, como representação da Lua Escura, aparece sempre acompanhada por cães que ladram. Como Deusa Tríplice, podia aparecer na representação de um cão com três cabeças (cão da lua), para lembrar de que em eras passadas ela própria era o cão da lua. Sua qualidade trina é representada também em estátuas posteriores, onde aparece como mulher tripla. Freqüentemente carregava consigo o cão que ela própria havia sido, ou uma tocha, emblema lunar, que é seu poder defertilidade e seu dom especial.
No Submundo, ou Mundo Inferior, Hécate é a carcereira e condutora das almas, a Pritânia, a “Rainha Invisível” dos Mortos. Tendo passado por Cérbero, o cão tricéfalo, e tendo sido julgadas pelos três Juízes dos Mortos (Minos, Radamando e Éaco), as almas devem chegar às encruzilhadas tríplices do Inferno. Nesse ponto, Hécate envia ao reino para o qual foram julgadas adequadas: para as campinas do Asfódelo, para o Tártaro ou para osCampos Elíseos.
Como aspecto de Deusa Amazona, a carruagem de Hécate era puxada por dragões. As mulheres que a cultuavam normalmente tingiam as palmas das mãos e as solas dos pés com hena.


Seus festivais aconteciam durante a noite, à luz de tochas. Anualmente, na ilha de Aeginano Golfo Sarônico, acontecia um misterioso festival em sua honra.
Hécate está associada a cura, profecias, visões, magia, Lua Nova, magia negra, encantamentos, vingança, livrar-se do mal, riqueza, vitória, sabedoria, transformação, purificação, escolhas, renovação e regeneração.
HÉCATE: PADROEIRA DAS BRUXAS
A Deusa Hécate, segundo algumas versões, recebeu o título de “Rainha dos Fantasmas” e “Deusa das Feiticeiras”. Para protegerem-se, os gregos colocavam estátuas da Deusa na entrada das cidades e nas portas das casas.


Medéia, que era uma de suas sacerdotisas, praticava bruxaria para manipular com destreza ervas mágicas e venenos, e ainda, para poder deter o curso dos rios e comprovar as trajetórias das estrelas e da lua.
Como Deusa Feiticeira tinha cães fantasmas como servos fiéis ao seu lado.
Há um grande números de bruxas que, ainda hoje, são devotas de Hécate, pois se sentem atraídas pelos aspectos escuros da Deusa.
Hécate, como Anciã e Deusa da Lua Escura, compreende o “poder do silêncio”. Muitas viagens espirituais incluem um período de muita meditação e silêncio. É essencial praticarmos o silêncio em nossos rituais e meditações, pois só o silêncio abre as portas da consciência universal.


Foi a Deusa Hécate que introduziu o alho como amuleto de proteção contra inimigos, roubo,mau tempo e enfermidades. Todos os anos, a meia-noite do dia 13 de Agosto (Noite do Festival de Hécate), deve-se depositar cabeças de alho em encruzilhadas como oferenda de sacrifício em nome de Hécate.
HÉCATE HOJE
Hoje podemos nos relacionar com Hécate como uma figura guardiã do nosso inconsciente, que tem nas mãos a chave dos reinos sombrios que há dentro de nós e que traz as tochas para iluminar nosso caminho para as profundezas de nosso interior.

Nossa civilização patriarcal talvez tenha nos ensinado a temer esta figura, mas se confiarmos em suas energias antigas, encontraremos nela uma gentil guardiã.

Ela está presente em todas as encruzilhadas que existem em todos os níveis do nosso ser, manifestando-se como espírito, alma e corpo. Devemos reconhecer que a imagem terrível, tenebrosa e horrenda de Hécate é um mero registro do medo inconsciente do feminino que os homens, imersos em um patriarcado unilateral, projetaram ao longo de milênios nesse arquétipo.

Temos que encarar nossa Hécate interior, estabelecermos uma relação com ela e, confiando na sua assistência, permitir a nós mesmos o desenvolvimento de uma percepção desse rico reino do nosso Mundo Inferior Pessoal. Somente por meio dessa atitude poderemos nos tornar seres integrados, capazes de lidar com as polaridades sem projetar de imediato dualismos.

Ao passar por uma encruzilhada, você irá se deparar com Hécate e ela dirá que nossas vidas são feitas de escolhas. Não existem escolhas certas ou erradas, mas sim, somente escolhas. Independente do que escolher, a experiência, por si só, já é algo valioso. Hécate insiste para que não tenhamos medo do desconhecido. Os desafios apresentados precisam de um salto de fé da pessoa que faz a escolha. Confie que será capaz de fazer uma escolha quando chegar a hora. Conceda-se tempo e espaço, nunca se censure ou se culpe, apenas faça sua escolha.

(Fonte: rosanevolpatto)

 

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Hécate – Deusa Tripla

Hecate

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Em A.C, o mundo era politeísta (adorava várias divindades). Os Celtas adoravam a Deusa, que podia mudar sua forma constantemente aparecendo tanto como uma, como se dividindo em três aspectos diferentes também… cada povo interpretava a Deusa de uma forma, com nomes e aspectos diferentes, mas da mesma divindade
A Deusa podia mudar sua forma constantemente. Algumas em Donzela, Mulher e Velha…outras em Terra, Lua e Mar.
Três de seus nomes mais famosos eram:
* Blodwwedd (Donzela)
* Morrigu (Mulher)
* Ceridwen (Velhã)
Como dito anteriormente, a Deusa pode aparecer tanto como uma entidade única, como três mulheres:
* Donzela
* Mulher (ou Mãe)
* Anciã (ou Velha)
No EGITO, da época dos faraós, a trindade era conhecida como “Mut”.
INDIVIDUALMENTE CADA UMA DELAS SE CHAMAVA:
* Maat (donzela)
* Hathor (mulher)
* Nekhbet (anciã)

Na MITOLOGIA GREGA, elas eram adoradas como sendo “Destino” ou “Moirae” (as vezes, simplesmente Moira). Seus nomes:
* Clotho (donzela)
* Lachesis (mulher)
* Atropos (anciã)
Segundo a lenda, a vida de cada homem era uma linha criada por Clotho, medida por Lachesis e cortada por Atropos.
Segundo a lenda, as três bruxas também já foram identificadas com dois aspectos distintos “As Furias” e “As Bondosas”.
Na GRÉCIA ANTIGA, as Fúrias eram relacionadas com  “Erinyes” *(Tisiphone, Magaera, Alecto), enquanto as Bondosas recebiam o nome de “Eumenides”.

A Deusa Tripla também é citada como a deusa mãe “Hecate Trioditus” (dos três caminhos).
Nesta forma:
* Luna, regia o Céu;
* Artemis (ou Cynthia), comandava a Terra;
* Hecate, reinava o mundo subterrâneo;

No Ocidente o nome Hecate é muitas vezes associado á  Deusa das Bruxas, que também ás vezes é chamada de “Hecateae” (que é o plural grego de Hecate)

OS ROMANOS conheciam a trindade como “Parcae” ou “Fortuna”.
Individualmente cada uma delas era conhecida como:
* Juventus (Donzela)
* Juno (Mulher)
* Minerva (Velha)
Na CULTURA NÓRDICA, eram chamadas de “Nornes”, separadamente conhecidas como:
* Urth (donzela)
* Verthandi (Mulher)
* Skald (Velha)
Entre os ANGLO SAXOES foram chamadas de “Wierd Sisters” (Irmãs Destino)

A cultura CELTA intrepretava as Três Bruxas como “Morrigan”, uma trindade de deusas da guerra formada por:
* Nemhan (donzela)
* Babd (mulher)
* Macha (anciã)
Morrigan também tem relação com Morgana Le Fay, a Morgana das lendas arturianas.

Tambem ás vezes chamadas de “Três Graças”, uma referência a outras divindades gregas:
* Aglaia (Pasithea ou Charis)
* Euphrosyne
* Thalia

As “Três Graças” também são conhecidas como “As Caridosas”

 

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Culto de Hecate

Hecate

Hecate, Deusa das Bruxas

Deusa de toda a Magia

 

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Deusa da magia, bruxaria, da noite, especialmente das noites sem lua, senhora dos fantasmas e da necromancia, protectora das crianças e dos cães, Hecate é uma deusa de grande poder. Os seus pais, Perses o destruidor e Asteria a estrelada, são titãs, no entanto durante a guerra entre estes e os Deuses ela viria a juntar-se aos últimos sendo uma grande mais-valia.
Por este auxílio Zeus não se poupou na recompensa e concedeu-lhe uma devida parte em todos os domínios, oferecendo-lhe poder sobre a terra, o céu e o mar e, até, sobre o submundo que a Deusa tornou a sua moradia. Mas durante a noite ela ainda sai do submundo e caminha pelo nosso mundo, fazendo-se acompanhar do seu séquito de fantasmas e anunciada pelo ladrar dos cães, os seus animais mais queridos.
O seu nome, pronunciado ‘EcáTÊ, significa A Que Opera de Longe, ou A Das Mãos Dançantes, demonstrando o grande poder que a patrona de todas as bruxas, especialmente da perigosa Medeia, possuiu sobre todos nós. No entanto o seu poder de Perseis, a destruidora, é contrabalançada pelo seu aspecto de Atalos, a delicada, que cuida de todos nós, protegendo-nos de assassínio, roubo e mau-olhado, ajudando as crianças a atravessar os perigosos anos da infância sem grandes problemas.
Para além de possuir a chave do mundo, que lhe permite os seus poderes mágicos, Hécate é a guardiã dos cruzamentos, especialmente daqueles de três estradas onde era costume invocá-la durante a noite, em ritos de magia, a que a própria Deusa, ou os seus cães, responderiam. Einodia é o seu epíteto que nos revela a sua mestria sobre as vias e os cruzamentos.
A Senhora dos Cães, Skylakagetis, faz-se sempre acompanhar de um cão muito específico, negro e grande, a que as bruxas de hoje e já as da Grécia, chamariam de familiar. Em tempos esse cão fora Hécuba, mulher do Rei Príamo de Tróia, pai de Heitor e Alexandre, ou Páris, e também de Polidomus, o filho mais novo do casal que Hécuba encontrou esfaqueado, ainda bebé, pelo rei da Trácia aquando da invasão de Tróia. Em raiva a rainha matou o assassino e atirou-se da torre da cidade das muralhas douradas, mas os Deuses tiveram pena dela e antes que tivesse atingido o chão transformaram-na no cão que imediatamente Hécate adoptou.
Tal como Ártemis, a sua prima, Hécate é uma Deusa energética que é representada com um traje curto, mas ao invés da primeira possuiu duas tochas nas mãos e não um arco.
Culto de Hécate
Tal como já foi dito, existia uma grande componente mística e mágica nos ritos de Hécate, sendo que ainda hoje ela é considerada pelas bruxas como a sua patrona. Exemplos disto são a já referida invocação nos cruzamentos em noites sem lua para realizar magia, em que a deusa ou os seus cães respondiam ao suplicante.
Para além de rituais de magoa, todos os anos era celebrado uma grande festa em sua honra que, segundo o que nos chega, era recheada de componentes místicos. Também está documentada a sua participação em rituais de sociedades secretas, não exclusivamente de bruxas.
Para além de tudo isto, juntamente com Deméter e Perséfone era patrona dos Mistérios de Elêusis. Esta participação deve-se a que quando Kore gritou de desespero no rapto, Hécate a ter ouvido e contado a Deméter, convencendo a Deusa a falar com Hélios para saber mais. Acompanhou a Mãe na busca pela Filha e desde então tem sido a companhia de Perséfone no submundo. Se existe de facto alguma trindade feminina Donzela – Mãe – Anciã na antiga Grécia como muitos querem deixar passar, então são sem dúvidas estas as Deusas.
Mas o seu culto não era elitista nem tão pouco exclusivamente místico. Na entrada de cada casa possuía um altar em que lhe eram feitas libações e pedidos para que ela protegesse a casa do mau olhado e da bruxaria maléfica. Havia também altares nos cruzamentos onde era costume deixar comida para os pobres.
Para além disso, todos os meses, na noite sem lua, os gregos, pelo menos os atenienses, celebravam esta deusa, deixando uma oferta de comida para os pobres em frente à porta da sua casa, costume que pode hoje ser re-adoptado através de contribuições para alimentação de pessoas desfavorecidas da zona.
Outras formas particularmente modernas de venerar esta Deusa incluem o estudo da magia, o apreciar das coisas estranhas e assustadoras (uma matiné de filmes de terror em honra da Deusa é uma ideia bem moderna) e passeios durante a noite e/ou em sítios estranhos.

 

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As Dádivas da Deusa Hécate

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O dia 13 de Agosto era uma data importante no antigo calendário greco-romano, dedicada às celebrações das deusas Hécate e Diana, quando Lhes eram pedidas bênçãos de proteção para evitar as tempestades do verão europeu que prejudicassem as colheitas.

Na tradição cristã comemora-se no dia 15 de Agosto a Ascensão da Virgem Maria, festa sobreposta sobre as antigas festividades pagãs para apagar sua lembrança, mas com a mesma finalidade: pedir e receber proteção.Com o passar do tempo perdeu-se o seu real significado e origem e preservou-se apenas o medo incutido pela igreja cristã em relação ao nome e atuação de Hécate. Esta poderosa Deusa com múltiplos atributos foi considerada um ser maléfico, regente das sombras e fantasmas, que trazia tempestades, pesadelos, morte e destruição, exigindo dos seus adoradores sacrifícios lúgubres e ritos macabros. Para desmistificar as distorções patriarcais e cristãs e contribuir para a revelação das verdades milenares, segue um resumo dos aspectos, atributos e poderes da deusa Hécate.

 

Hécate Trivia ou Triformis era uma das mais antigas deusas da Grécia pré-helênica, cultuada originariamente na Trácia como representação arcaica da Deusa Tríplice, associada com a noite, lua negra, magia, profecias, cura e os mistérios da morte, renovação e nascimento.”Senhora das encruzilhadas” – dos caminhos e da vida – e do mundo subterrâneo, Hécate é um arquétipo primordial do inconsciente pessoal e coletivo, que nos permite o acesso às camadas profundas da memória ancestral. É representada no plano humano pela xamã que se movimenta entre os mundos, pela vidente que olha para passado, presente e futuro e pela curadora que transpõe as pontes entre os reinos visíveis e invisíveis, em busca de segredos, soluções, visões e comunicações espirituais para a cura e regeneração dos seus semelhantes.

Filha dos Titãs estelares Astéria e Perseu, Hécate usa a tiara de estrelas que ilumina os escuros caminhos da noite, bem como a vastidão da escuridão interior. Neta de Nyx, deusa ancestral da noite, Hécate também é uma “Rainha da Noite” e tem o domínio do céu, da Terra e do mundo subterrâneo. “Senhora da magia” confere o conhecimento dos encantamentos, palavras de poder, poções, rituais e adivinhações àqueles que A cultuam, enquanto no aspecto de Antea, a “Guardiã dos sonhos e das visões”, tanto pode enviar visões proféticas, quanto alucinações e pesadelos se as brechas individuais permitirem.

Como Prytania, a “Rainha dos mortos”, Hécate é a condutora das almas e sua guardiã durante a passagem entre os mundos, mas Ela também rege os poderes de regeneração, sendo invocada no desencarne e nos nascimentos como Protyraia, para garantir proteção e segurança no parto, vida longa, saúde e boa sorte.

Hécate Kourotrophos cuida das crianças durante a vida intra-uterina e no seu nascimento, assim como fazia sua antecessora egípcia, a parteira divina Heqet. Possuidora de uma aura fosforescente que brilha na escuridão do mundo subterrâneo, Hécate Phosphoros é a guardiã do inconsciente e guia das almas na transição, enquanto as duas tochas de Hécate Propolos, apontadas para o céu e a terra, iluminam a busca da transformação espiritual e o renascimento, orientado por Soteira, a Salvadora.

Como deusa lunar Hécate rege a face escura da Lua, Ártemis sendo associada com a lua nova e Selene com a lua cheia. No ciclo das estações e das fases da vida feminina Hécate forma uma tríade divina juntamente com: Kore/Perséfone/Proserpina/Hebe – que presidem a primavera, fertilidade e juventude -, Deméter/Ceres/Hera – regentes da maturidade, gestação, parto e colheita – e o Seu aspecto Chtonia, deusa anciã, detentora de sabedoria, padroeira do inverno, da velhice e das profundezas da terra.

Hécate Trivia e Trioditis, protetoras dos viajantes e guardiãs das encruzilhadas de três caminhos, recebiam dos Seus adeptos pedidos de proteção e oferendas chamadas “ceias de Hécate”. Propylaia era reverenciada como guardiã das casas, portas, famílias e bens pelas mulheres, que oravam na frente do altar antes de sair de casa pedindo Sua benção. As imagens antigas colocadas nas encruzilhadas ou na porta das casas representavamHécate Triformis ou Tricephalus como pilar ou estátua com 3 cabeças e 6 braços que seguravam suas insígnias: tocha (ilumina o caminho), chave (abre os mistérios), corda (conduz as almas e reproduz o cordão umbilical do nascimento), foice (corta ilusões e medos).

Devido à Sua natureza multiforme e misteriosa e à ligação com os poderes femininos “escuros”, as interpretações patriarcais distorceram o simbolismo antigo desta deusa protetora das mulheres e enfatizaram Seus poderes destrutivos ligados à magia negra (com sacrifícios de animais pretos nas noites de lua negra) e aos ritos funerários.

Na Idade Média, o cristianismo distorceu mais ainda seus atributos, transformando Hécate na “Rainha das bruxas”, responsável por atos de maldade, missas negras, desgraças, tempestades, mortes de animais, perda das colheitas e atos satânicos. Estas invenções tendenciosas levaram à perseguição, tortura e morte pela Inquisição de milhares de “protegidas de Hécate”, as curandeiras, parteiras e videntes, mulheres “suspeitas” de serem Suas seguidoras e animais a Ela associados (cachorros e gatos pretos, corujas).

No intuito de abolir qualquer resquício do Seu poder, Hécate foi caricaturizada pela tradição patriarcal como uma bruxa perigosa e hostil, à espreita nas encruzilhadas nas noites escuras, buscando e caçando almas perdidas e viajantes com sua matilha de cães pretos, levando-os para o escuro reino das sombras vampirizantes e castigando os homens com pesadelos e perda da virilidade. As imagens horrendas e chocantes são projeções dos medos inconscientes masculinos perante os poderes “escuros” da Deusa, padroeira da independência feminina, defensora contra as violências e opressões das mulheres e regente dos seus rituais de proteção, transformação e afirmação.

No atual renascimento das antigas tradições da Deusa compete aos círculos sagrados femininos resgatar as verdades milenares, descartando e desmascarando imagens e falsas lendas que apenas encobrem o medo patriarcal perante a força mágica e o poder ancestral feminino. Em função das nossas próprias memórias de repressão e dos medos impregnados no inconsciente coletivo, o contato com a Deusa Escura pode ser atemorizador por acessar a programação negativa que associa escuridão com mal, perigo, morte. Para resgatar as qualidades regeneradoras, fortalecedoras e curadoras de Hécate precisamos reconhecer que as imagens destorcidas não são reais, nem verdadeiras, que nos foram incutidas pela proibição de mergulhar no nosso inconsciente, descobrir e usar nosso verdadeiro poder.

A conexão com Hécate representa para nós um valioso meio para acessar a intuição e o conhecimento inato, desvendar e curar nossos processos psíquicos, aceitar a passagem inexorável do tempo e transmutar nossos medos perante o envelhecimento e a morte. Hécate nos ensina que o caminho que leva à visão sagrada e que inspira a renovação passa pela escuridão, o desapego e transmutação. Ela detém a chave que abre a porta dos mistérios e do lado oculto da psique; Sua tocha ilumina tanto as riquezas, quanto os terrores do inconsciente, que precisam ser reconhecidos e transmutados. Ela nos conduz pela escuridão e nos revela o caminho da renovação. Porém, para receber Seus dons visionários, criativos ou proféticos precisamos mergulhar nas profundezas do nosso mundo interior, encarar o reflexo da Deusa Escura dentro de nós, honrando Seu poder e Lhe entregando a guarda do nosso inconsciente. Ao reconhecermos e integrarmos Sua presença em nós, Ela irá nos guiar nos processos psicológicos e espirituais e no eterno ciclo de morte e renovação. Porém, devemos sacrificar ou deixar morrer o velho, encarar e superar medos e limitações; somente assim poderemos flutuar sobre as escuras e revoltas águas dos nossos conflitos e lembranças dolorosas e emergir para o novo.

 

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